Mudanças climáticas pressionam por mais irrigação nos Cerrados para produção alimentos
Menos chuvas, temperaturas mais altas, maior transpiração e estiagens concorrem para reduzir água disponível para lavouras
|As mudanças climáticas ligam o alerta e pressionam por mais irrigação nos Cerrados. Menos chuvas, temperaturas mais altas, maior transpiração e mais estiagens concorrem para reduzir água disponível para lavouras.
No Brasil, 55 milhões de hectares têm potencial para serem irrigados, segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues. Atualmente, porém, apenas 9 milhões de hectares contam hoje com irrigação.
“Quando olhamos a situação do mundo, temos cerca de 800 milhões de pessoas no mundo que passam fome e quatro entre dez pessoas vivem em lugares onde não tem água suficiente”, informou.
Com a irrigação, é possível intensificar a produção de alimentos, sem a necessidade de abrir novas áreas para a atividade agropecuária. Rodrigues informou que, até 2050, será necessário aumentar a produção de alimentos entre 60% e 100%. Desse aumento, 50% deverá ocorrer no Brasil, sendo 50% no Cerrado.
“Para produzir essa quantidade extra de alimento sem irrigação, será necessário incorporar ao sistema produtivo de 180 a 300 milhões de hectares no mundo. Quando pensamos em intensificação da produção, não tem nenhuma tecnologia melhor do que a irrigação”, garantiu ele, durante o I Seminário sobre Agricultura Irrigada no Cerrado.
Rodrigues citou o caso do milho, que, na década de 1980, tinha média nacional de produção de 3 toneladas por hectare, quando já era possível produzir 16 toneladas por hectare.
“E por que que não se produzia 16? Grande parte era por falta de água”, explicou, principalmente porque a agricultura familiar do Brasil não utilizava irrigação.
Entre os benefícios da irrigação, o pesquisador destacou a estabilidade, já que reduz a variabilidade anual da produção: “Se tem estabilidade, você pode planejar. Ela permite desenvolver a região e melhorar a vida das pessoas”.
Tecnologia
O especialista explicou ainda que a necessidade de irrigação não está ligada à quantidade de chuva e sim, à sua distribuição, e que a tecnologia está baseada, principalmente, em três pilares: água azul, energia e legislação.