Covid-19, guerra, alta do dólar e a demanda de fertilizantes pelo Brasil

Artigo do IEA-SP aborda cenário instável e impactos na produção agrícola

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Brasil aumentou uso de biofertilizantes em 2022. (banco Pixabay)

Brasil aumentou uso de biofertilizantes em 2022. (banco Pixabay)

26deAbrilde2023ás16:55

Quarto maior consumidor mundial, o Brasil teve a oferta de fertilizantes para a agropecuária afetada ao longo dos últimos anos por fatores como a covid-19, a guerra entre Rússia e Ucrânia e mesmo a desvalorização do real frente ao dólar.

Não por coincidência, especialmente em 2022, os produtores brasileiros, mesmo reduzindo as importações, sentiram no bolso a alta mundial, e fecharam o ciclo com um gasto efetivo 63,4% maior do que em 2021.

Neste cenário, artigo publicado na segunda-feira (dia 24), pelos pesquisadores Celso Luís Rodrigues Vegro e José Alberto Angelo, do Instituto de Economia Agrícola, do governo de São Paulo, analisa o impacto dos fatores externo ao setor e quais são as possíveis consequências.

Para os cientistas, as lavoras de soja, milho e algodão ainda serão afetadas pela escassez de fertilizantes (NPK), uma vez em que respondem por quase 70% do total das entregas do produto.

A boa notícia é a oferta dos biofertilizantes, como uma alternativa para as lavouras. “Não existem estatísticas consolidadas sobre o emprego de fontes alternativas aos fertilizantes químicos, mas uma aproximação para o fenômeno da procura pelos organominerais pode ser percebida pela expansão de empresas cadastradas no Ministério de Agricultura”.

O estudo aponta que o número de produtoras/misturadoras de fertilizantes organominerais (412), cresceu 18,7% frente a 2021.

Mercado internacional

Segundo os autores, é importante constextualizar o cenário que trouxe o Brasil até o atual momento.

“A invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, refletiu-se em colapso na oferta dos nutrientes empregados na preparação dos fertilizantes, especialmente o potássio, devido ao embargo comercial decretado pelo ocidente às transações russas e bielorrussas (aliados estratégicos na invasão)”, diz o texto.

“Concomitantemente, a China, igualmente grande fornecedor mundial de fertilizantes, ao implantar a política de covid-zero, desorganizou os sistemas logísticos marítimos em todo o globo, encarecendo sobremaneira qualquer tipo de embarque internacional.