Clima pode comprometer futuro do feijão brasileiro, diz Embrapa
Brasil terá que produzir 1,5 milhão de toneladas a mais em 2050 para atender demanda
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Sistemas calculam o efeito do clima na produção de feijão, especialmente diante de possível elevação na temperatura. (foto - Sebastião Araújo/Embrapa)
A produção de feijão no Brasil deverá crescer em torno de 44% – aproximadamente 1,5 milhão de toneladas – até o ano 2050 para atender à demanda pelo produto, de acordo com dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas (ONU).
Porém, em que pese a expectativa de maior oferta, a partir do uso de novas tecnologias, o clima pode ser um empecilho para produtores e consumidores. Com isso, o cenário de “faltar feijão” pode ser uma realidade.
O alerta vem de pesquisa desenvolvida pela Embrapa, em parceria com a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), justamente a partir projeções da ONU.
No estudo, os pesquisadores utilizaram três diferentes programas de computador para cálculos matemáticos e projeções para a produção de feijão nos próximos anos.
Os sistemas consideraram amplas bases de dados, a fim de estipular como será o risco climático da cultura e quais serão a produção e a demanda projetadas para o grão no futuro.
De acordo com Alexandre Bryan Heinemann, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão e um dos responsáveis pelo estudo, as análises apontaram para uma elevação de temperatura do ar entre 1,23 oC a 2,86 oC, em meados de 2050, na área de produção de feijão no País.
Tal elevação deverá afetar a produtividade das lavouras de feijão, o que se contrapõe com a expectativa de maior oferta do grão, analisa o estudo. “São situações contrapostas: existe o impacto negativo do aquecimento global na produtividade em conflito com uma previsão de maior demanda pelo produto”, afirma.