Árvores no pasto melhoram desempenho de bovinos de corte

Sistemas integrados influenciam o conforto térmico, a fisiologia e a frequência do consumo de água

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Estresse térmico, provocado pelo calor, leva a distúrbios nutricionais e metabólicos nos animais. (Foto - Gisele Rosso/Embrapa)

Estresse térmico, provocado pelo calor, leva a distúrbios nutricionais e metabólicos nos animais. (Foto - Gisele Rosso/Embrapa)

27deFevereirode2024ás14:46

Árvores no pasto melhoram ganho de peso, conforto térmico e reprodução dos animais. Foi o que concluiu a Embrapa Pecuária Sudeste (SP).

O estudo avaliou o bem-estar animal, de maneira multidimensional, em relação ao conforto térmico proporcionado pelos sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

O estresse térmico, provocado pelo calor, leva a distúrbios nutricionais e metabólicos nos animais e reduz a taxa de crescimento, ganho de peso e a qualidade da carne.

Estudo analisou pastagens com termografia infravermelha em aeronaves, técnica que havia sido usada, até agora, somente em plantações.

Para o experimento, foram avaliados 64 machos das raças Nelore e Canchim, com 24 meses e peso médio de 412 kg no início da investigação científica.

Prismas

O monitoramento ocorreu sob diversos aspectos: desde o sistema de produção até o nível celular de bovinos de corte criados a pasto.

O primeiro parâmetro foi o ambiental (microclima), o segundo, observação dos animais e as respostas comportamentais e, por último, a coleta do material biológico e as análises laboratoriais.

“Fomos do nível macro, utilizando sobrevoos de avião com câmeras termais, passando pelo sensoriamento proximal dos animais, até chegar à microscopia. Três abordagens bem diferentes, mas que se correlacionam, e com tecnologias inovadoras”, explica o pesquisador Alexandre Rossetto Garcia, coordenador do estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Esses resultados apontam que o plantio de árvores em áreas de pastagens tropicais mostrou-se benéfico para um microclima mais favorável à criação de bovinos de corte, influenciando o conforto térmico, expressão do comportamento natural e as condições fisiológicas.

“O conforto térmico é um componente essencial do bem-estar e que afeta o desempenho de bovinos de corte. Essa informação deve ser considerada quando se utiliza um sistema de produção baseado em pastagens tropicais. Nesses modelos, os animais ficam mais expostos às condições ambientais e podem sofrer com o acúmulo excessivo de calor, principalmente em pastagens sem o componente arbóreo”, destaca Garcia.

Estresse térmico

O estresse térmico prejudica a homeostase (capacidade dos organismos de manterem seu meio interno estável), levando a distúrbios nutricionais e metabólicos, reduzindo a taxa de crescimento e o ganho de peso.