Fazendas atingidas, rodovia parada e onças carbonizadas: fogo consome o Pantanal
Com intensificação da ocorrência dos incêndios florestais, cenas tristes se repetem no bioma
|Fogo e fumaça se intensificam no Pantanal e combate aos incêndios em MS continua a ter reforços. (Foto - Bruno Rezende)
Com a intensificação da ocorrência dos incêndios florestais no Pantanal, cenas tristes se repetem no local. O fogo que consome o bioma já causou a morte de, pelo menos, três onças-pintadas, de acordo com o biólogo Gustavo Figueiroa, que atua na linha de frente do enfrentamento às queimadas pela rede Brigadas Pantaneiras.
Além das onças, cenas de jacarés, macacos, aves carbonizadas são observadas no local.
Fazendas também são atingidas e ontem (dia 6), o trecho da BR-262 entre Miranda - na região conhecida como Salobra - e Corumbá, no Mato Grosso do Sul, ficou interditado por conta do fogo nas margens da rodovia
Onças carbonizadas
Na última segunda-feira (dia 5), a localização de dois filhotes de onça encontrados carbonizados comoveu as equipes que trabalham na conservação e recuperação do bioma.
Os animais foram encontrados no município de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, e a terceira onça morta pelo fogo foi encontrada na propriedade do recanto ecológico Caiman, em Miranda, cerca de 75 quilômetros de distância de Aquidauana, informou o biólogo Gustavo Figueiroa.
“A onça é um predador topo de cadeia, é um animal que é superimportante para o ambiente, além de ser super ágil - consegue fugir, nadar, escalar árvore. E quando você vê onças sendo queimadas, imagina todo o resto da fauna que é muito mais lenta e menos ágil”, explica.
O estudo Respostas de mamíferos neotropicais a megaincêndios no Pantanal brasileiro, publicado em abril deste ano apontou que no incêndio de 2020, o maior já registrado no bioma, as onças-pintadas foram as únicas das oito espécies investigadas (jaguatiricas, pumas, queixadas, tatu-canastra, cutia, veado-mateiro e antas) que não sofreram redução em suas populações, por causa da capacidade migratória.
No entanto, os pesquisadores alertaram que “a crescente frequência e gravidade dos incêndios causados pelo homem provavelmente terão efeitos deletérios na distribuição e persistência das espécies.”
O tatu-canastra, por exemplo, foi apontado como uma das espécies mais suscetíveis aos danos causados pelo fogo, por já ter populações reduzidas, com lentas taxas de reprodução e pela dificuldade de fugir das queimadas.