WWF diz que "Europa come o Mundo" sobre alimentação europeia
Relatório não só coloca em xeque o consumo no continente, como cobra mudanças na mesa e no campo
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Com o título de “A Europa come o Mundo” (em inglês "Europe eats the World"), o novo relatório da organização não-governamental (ONG) ambientalista WWF, divulgado ontem (dia 23), não só coloca o consumo alimentar do europeu em xeque, como cobra mudanças comportamentais urgentes. Isso também inclui o sistema de produção em busca de uma agricultura sustentável.
Os países da União Europeia, de acordo com o estudo, “carregam um déficit comercial significativo com o planeta quando se avalia sua produção e seu o consumo alimentar”.
“A UE consome mais do que a sua parte justa no mundo e os seus atuais níveis elevados de produção alimentar só são possíveis graças às importações maciças de recursos”, destaca a WWF.
Desta forma, o relatório WWF sugere que a Europa mude sua dieta e seus hábitos alimentares, apostando, por exemplo, na substituição de carne e laticínios por alimentos à base de plantas.
“Produzimos (enquanto Europa) mais produtos de origem animal do que consumimos, e consumimos mais do que é bom para nós. Para sustentar este setor pecuário superdimensionado, usamos metade das colheitas de grãos que cultivamos para os animais, enquanto nosso intensivo de práticas agrícolas prejudica a biodiversidade, a saúde do solo e o clima.”
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Fipe lança tabela de preços para máquinas agrícolasO relatório lembra também que a Europa importou cerca de 25 milhões de toneladas de farelo de soja para alimentar seus animais em 2020-21.
Outro dado é o fato de que cada europeu desperdiça anualmente cerca de 173 kg de alimentos e, embora já seja visível movimento crescente para evitar perdas no varejo, nas fazendas o desperdício segue negligenciado, chegando a cerca de 15% da produção total após a colheita a cada ano.
Mudança é urgente
Apesar de ser o maior exportador mundial de produtos agroalimentares em termos económicos – porque exporta itens de alto valor e importa produtos de baixo valor – de acordo com a WWF, a Europa precisa ter consciência de que importa dois terços da quantidade de comida que exporta.
Em números, essa equação, de acordo com dados de 2020, mostra que a União Europeia importou 122 bilhões de euros em produtos agroalimentares e exportou 184 bilhões.
Esse modelo também revela que o sistema alimentar da UE tem graves problemas ambientais e impactos sociais, tanto internamente quando externamente.
Isso porque, diz a WWF, o consumo excessivo de produtos agroalimentares importados exige o “sacríficio” de milhões de hectares de florestas e outros ecossistemas naturais , alimentando as alterações climáticas, a perda de biodiversidade e as injustiças sociais.
Frutos do Mar
A WWF cita como exemplo da inconstância alimentar, o fato da Europa importar quase o dobro de frutos do mar do que produz. E destaca que a consequência, não raras vezes, é a importação vem de regiões que dependem desses estoques de peixes para obter proteína local.
“A produção de culturas para alimentação animal ou combustível é intrinsecamente ineficiente, aumentando os impactos da nossa agricultura.”
A boa notícia, diz a WWF, é que as empresas de alimentos da Europa estão cada vez mais envolvidas com a produção através da agricultura regenerativa. Hoje, cerca de 14,6 milhões de hectares de terra na UE e no Reino Unido – 8,1% da área agrícola total – são cultivados organicamente por quase 350.000 produtores, e o mercado de alimentos orgânicos da UE dobrou de valor desde 2010.