Produtores usam brinquedos para acalmar suínos nas granjas

Elementos como correntes na parede estimulam animais e ajudam produtores a aumentar o lucro

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Embrapa estuda investimentos e benefícios da técnica. (foto - Embrapa)

Embrapa estuda investimentos e benefícios da técnica. (foto - Embrapa)

14deFevereirode2023ás12:03

O avanço na produção global de carne suína – que aumentou quatro vezes nos últimos 50 anos e deve se manter em alta até 2050 – estimula produtores e pesquisadores do setor na adoção de novas práticas voltadas ao bem-estar animal. 

Um exemplo cada vez mais recorrente tem sido a implementação de “brinquedos” como correntes na parede, peças de borracha e troncos de madeira.

Eles estimulam comportamentos naturais como fuçar e brincar, ajudando a criar laços dos suínos com o grupo.

A prática ainda ajuda a evitar o estresse e os comportamentos a ele associados como o de ranger os dentes e a agressividade.

Os brinquedos também servem para evitar perdas de produtividade geradas por comportamentos raivosos.

“Brinquedo é como são chamados elementos colocados nas baias com a intenção de permitir que esses animais expressem comportamentos naturais, iguais aos que eles teriam se estivessem soltos na natureza”, explica o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves.

Ele explica que investir em elementos de enriquecimento ambiental é uma espécie de segunda onda do bem-estar animal na suinocultura brasileira, uma vez que a primeira onda, iniciada em meados dos anos 2000, e focou na melhoria das condições básicas disponibilizadas aos animais do nascimento ao abate.

Ação de enriquecimento

Estudos da Embrapa apontam que qualquer modificação que aumente o conforto do ambiente (como a diminuição no número de animais por baia ou a instalação de ventiladores) pode ser vista como uma ação de enriquecimento ambiental.

Entretanto, na maior parte das vezes, o termo se refere ao acréscimo de objetos pendurados em algum ponto das instalações (como uma corrente colocada na divisória de uma baia) ou soltos no ambiente (como um pedaço de madeira livre no chão) que permitam ou estimulem os suínos a desenvolver comportamentos naturais, como fuçar, brincar e desenvolver laços de grupo.

De acordo com o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária na Seara Alimentos, Vamiré Luiz Sens Júnior, os “brinquedos” visam principalmente quebrar a monotonia, que podem provocar comportamentos anormais por parte dos suínos.

“É daí que vêm problemas como a caudofagia, que ocorre quando um ou mais animais na baia sofrem mordeduras e consequentes lesões na cauda”, explica Dalla Costa.