Funai visa desapropriar 201 fazendas em dois estados

Estudo prevê demarcação de 362 mil hectares entre Mato Grosso e Pará para a Terra Indígena Kapôt Nhinore

O documento é o primeiro passo para a demarcação do território indígena. (foto - ClimaInfo)

O documento é o primeiro passo para a demarcação do território indígena. (foto - ClimaInfo)

02deAgostode2023ás12:14

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) aprovou, na última sexta-feira, um estudo para demarcação da Terra Indígena Kapôt Nhinore, que abrangeria 362,2 mil hectares e poderia desapropriar 201 fazendas entre os estados de Mato Grosso e Pará. A região tem cerca de 60 indivíduos "originários" atualmente. 

Segundo documento publicado no Diário Oficial da União (DOU), a nova delimitação abrange áreas dos municípios de Vila Rica (MT), Santa Cruz do Xingu (MT) e São Félix do Xingu (PA). O documento é o primeiro passo para a demarcação do território indígena.

Nos próximos 90 dias, o documento estará aberto para contestações, seja do poder público, seja de particulares interessados, entre eles os proprietários das fazendas afetadas.

O anúncio aconteceu durante um evento convocado pelo Cacique Raoni Metuktire na Aldeia Piaraçu (MT). A presidente da Funai, Joênia Wapichana, e a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, estavam presentes.

O estudo argumenta que o território seria de ocupação tradicional dos povos indígenas Mebêngôkre e Yudjá e tem perímetro aproximado de 508 km. O local também seria considerado sagrado para o povo kayapó, uma vez que abriga a aldeia onde o cacique Raoni nasceu.