Chile pode ser “entreposto comercial" com vista ao Oceano Pacífico
País também visa ampliar de comércio de frutas e pescado, bem como intercambio tecnológico
"O Chile e o Brasil têm uma agenda comercial poderosa e para nós muito relevante de exportação", disse vice-ministra da Agricultura do Chile, Ignácia Fernandez. (foto - Ricardo Moyano)
A vice-ministra da Agricultura do Chile, Maria Ignácia Fernandez, visitou o Brasil nesta semana e apontou diversas oportunidades de estreitamento das relações no setor agroalimentar.
O acordo de livre comércio entre os dois países, assinado no ano passado, facilita o avanço dessa complementariedade, bem como o foco do governo de Gustavo Boric em ampliar suas relações com países da América Latina.
Se por um lado o Brasil já é um grande fornecedor de carnes aos chilenos, especialmente de aves, o Chile abastece o mercado nacional com frutas e pescados, como o salmão.
A pauta, no entanto, pode ser bem maior e inclui outras frutas, cereais e diversos itens, bem como intercambio tecnológico em agropecuária e energias alternativas.
O país com maior litoral para o Oceano Pacífico na América do Sul, inclusive, tem as condições estruturais e mercadológicas (acordos de livre comércio) para tornar-se uma espécie de “entreposto”.
Em tese, produtos brasileiros poderiam, cada vez mais, usar a Rota Bioceânica com ganhos de eficiência logística para acessar mercados da Ásia, Oceania e América do Norte.
Confira a entrevista:
"Quais são as principais sinergias possíveis entre o agro de Brasil e Chile?
O Chile e o Brasil têm uma agenda comercial poderosa e para nós muito relevante de exportação. O Brasil é de fato o nosso principal destino na América Latina e tem tido um crescimento muito importante nos últimos anos. Apenas entre 2021 a 2022, o mercado brasileiro cresceu quase 22% para nós.
As principais exportações do Chile para o Brasil são peixes frescos, muito salmão, mas também outros vinhos e cada vez mais frutas também, como maçãs, os kiwis, as ameixas e outras.
Por exemplo, o abacate é um dos assuntos que temos na conversa, mas pelo contrário há um interesse significativo do Brasil em exportar para o Chile. O Chile é um grande produtor, mas também um grande consumidor, enquanto no Brasil o consumo ainda é baixo. Então existe sim um mercado.