Crise no preço do leite está perto do fim, aponta Embrapa
Desaceleração da produção interna seria um dos motivos
|Preços globais de lácteos devem reagir em 2024, segundo pesquisadores. (Foto - Paulo Lanzetta/Embrapa)
Os pesquisadores do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (CILeite) acreditam que a crise no preço do leite esteja chegando ao fim.
Os especialistas apontam alguns motivos para isso: a desaceleração da produção interna; a recuperação dos preços internacionais e o Decreto 11.732/2023, que entra em vigor em 2024, limitando a importação do produto.
Além disso, para eles, outros fatores tendem a alavancar o consumo. Entre eles está o crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro, que deve fechar o ano em 3%.
A inflação controlada, a taxa de desemprego em queda, o aumento da massa salarial e os programas governamentais como o Bolsa Família e o Desenrola são outras condições que ajudam a criar uma expectativa de expansão do consumo, sugerindo um mercado mais equilibrado em 2024.
Lições da crise
As análises do CILeite sugerem que devem ser tiradas algumas lições da crise. Uma delas é trabalhar para o aumento do consumo per capita, principalmente entre os idosos, que ganharam espaço na pirâmide etária do país.
A cadeia produtiva do leite também precisa buscar mais eficiência e escala, reduzindo custos e tornando-se mais resiliente às crises.
A pesquisadora da Embrapa Kennya Siqueira também acredita em soluções relativas à oferta de novos produtos por parte dos laticínios, promovendo uma diversificação.
“Os estudos têm mostrado que o consumidor está migrando para produtos que entregam mais valor, como, por exemplo, apelo nutricional ou funcional; ou ainda de conveniência, praticidade, sustentabilidade etc.”, revela Siqueira.
Preço global
Os especialistas apostam que as cotações do produto vão reagir no mercado mundial neste ano e as compras externas do Brasil devem ser mais comedidas no período
Segundo eles, a geopolítica não contribuiu para um cenário internacional confortável para o setor lácteo.
Duas guerras em curso (Rússia x Ucrânia e Israel x Palestina), inflação e juros altos influenciaram na queda generalizada dos preços globais.
Na China, maior comprador de lácteos, verificou-se uma queda de 30% nas importações nos primeiros meses do ano passado.