Mudanças climáticas alteram mapa global e a qualidade do vinho
Estudo publicado na Nature alerta que 70% das regiões vinícolas atuais podem desaparecer
As mudanças climáticas já afetam o rendimento, a composição e a qualidade, bem como o mapa da produção de vinho pelo mundo.
Essa é uma das conclusões do estudo “Impactos das mudanças climáticas e adaptações na produção de vinho”, publicado na prestigiosa Nature no final de março.
Os autores sistematizaram mais de 200 artigos acadâmicos para afirmar que cerca de 90% das regiões vinícolas tradicionais poderão desaparecer até ao final do século nas regiões costeiras e baixas de Espanha, Itália, Grécia e sul da Califórnia.
O estudo diz ainda que, globalmente, entre 50% e 70% das áreas vitícolas atuais correm risco, de moderado a elevado, de se tornarem inadequadas para a produção de uva. Isso inclui áreas no Brasil, Argentina e Chile.
Ao mesmo tempo, entre 11% e 25% das regiões vinícolas existentes poderão registar um aumento de produção à medida que as temperaturas aumentam, e novas áreas adequadas poderão surgir em latitudes e altitudes mais elevadas.
Os pesquisadores das Universidades de Bordeaux, Palermo e Borgonha avaliaram as consequências das alterações de temperatura, precipitação, humidade, radiação e CO2 na produção global de vinho.
Na maioria das regiões vitivinícolas do mundo, as colheitas de uvas avançaram de duas a três semanas nos últimos 40 anos. As modificações resultantes na composição da uva na colheita também alteram a qualidade e o estilo dos vinhos.