Abelhas se tornam aliadas e aumentam produção de grãos no Paraná

Elas produzem mel e se transformaram em um diferencial no cultivo do milho e soja

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Cerca de 80 colmeias são mantidas nas áreas de preservação da propriedade, no município de Floresta. (Foto: IDR-PR)

Cerca de 80 colmeias são mantidas nas áreas de preservação da propriedade, no município de Floresta. (Foto: IDR-PR)

22deJulhode2024ás16:14

No noroeste do Paraná, as abelhas se transformaram em aliadas dos produtores. No sítio Roda d’Água, no município de Floresta, o cultivo de grãos convive harmoniosamente com a apicultura.

80 colmeias são mantidas nas áreas de preservação da propriedade e fazem parte de uma antiga tradição da família Jung. O que para muitos produtores parece impossível, manter as abelhas e cultivar soja ou milho, se transformou num diferencial.

As abelhas, além de produzirem mel, elas são responsáveis por um aumento considerável da produção de grãos. A prática mostra, e a pesquisa comprova, que o manejo adequado das lavouras traz benefícios tanto ambientais quanto econômicos para o produtor.

Até os anos 1970 o sítio Roda d’Àgua, pertencente a João Jung, era ocupado com o plantio de café, e os filhos, Antônio e João Filho, mantinham algumas colmeias na propriedade.

Depois da grande geada negra, em 1975, que comprometeu o cafezal, os proprietários deram início ao plantio de soja e decidiram manter as abelhas. Para alimentar as colmeias eles contavam com dois alqueires de mata nativa preservada e 59 alqueires dedicados às lavouras.

Manejo intuitivo

O manejo era feito de forma intuitiva, evitando aplicar defensivos agrícolas quando as abelhas estavam procurando pólen no campo ou retirando as colmeias de áreas expostas a produtos químicos.

Na década de 1990 um extensionista da Emater, hoje IDR-Paraná, deu algumas orientações para que os produtores melhorassem o manejo das abelhas.

Na ordem natural de sucessão familiar, a propriedade passou a ser administrada pelos filhos do João, que levaram adiante o trabalho com as abelhas.

Em seguida, seria a vez da terceira geração. Lígia e Paulo, filhos do Antônio, passaram a administrar a propriedade com o pai, já que o tio falecera. Neste tempo o consórcio abelhas-grãos foi aprimorado.

Lígia Jung, formada em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), lembra que a prática mostrava que havia algo acontecendo nas áreas próximas das colmeias.

“Começamos a perceber que colhíamos bastante mel na época da florada da soja. Notamos que na beirada dos apiários a produção de soja era maior. A gente sentia que a colheitadeira ficava mais pesada”, afirma.