Semente de cana reinventará manejo de canaviais no Brasil
CTC investiu R$ 2 bilhões em pesquisa na última década para dobrar a produtividade da cultura no país
A evolução tecnológica brasileira no setor de cana-de-açúcar deve garantir ao país mais algumas décadas de protagonismo na cultura que remonta à própria origem da agricultura em grande escala e exportadora do país.
Avanços recentes, como as primeiras variedades de cana geneticamente modificada, devem se somar em breve com novos saltos, como a edição gênica por CRISPR e a disruptiva “semente de cana”.
Com 80% do desenvolvimento concluído, esse é um dos principais projetos de pesquisa do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), empresa com capital aberto 100% brasileira que já se dedica à pesquisa há quase 60 anos.
“A semente é completamente disruptiva. Ela vai revolucionar completamente a multiplicação de cultivares de cana, o plantio e a reforma de canaviais”, introduz a diretora de Assuntos Regulatórios e Governamentais do CTC, Silvia Yokoyama.
Atualmente, o plantio utiliza mudas pré-brotadas ou os colmos da planta, que são maiores e “desajeitados”. A semente de cana, um pouco maior que uma rolha, poderá ser semeada da mesma forma que se faz com o milho e a soja.
“O material poderá ser plantado diretamente no solo para otimizar o sistema de plantio. Assim, os maquinários ficarão mais leves, mais rápidos, com menor compactação do solo, mantendo a palhada, menor uso de diesel, entre outras vantagens”, explica.
Desse modo, a semente de cana poderá gerar outro nível de eficiência durante as operações. Para se ter ideia, o modelo atual tem uma relação de 1 para 4 hectares em multiplicação de áreas. Com a semente, esse número será, segundo a especialista, “quase sem limite”.
“Temos uma expectativa bastante grande dadas essas facilidades. Nosso objetivo é dobrar a produtividade do setor de cana-de-açúcar até 2040. Isso vai depender da curva de entendimento e adoção”, afirma Silvia.