Alta dos juros: contratação de crédito pode cair à metade no 2ª semestre da safra atual
Financeiras fazem corte bilionário na estimativa de contratação de financiamentos por produtores

O aumento da taxa de juros vai puxar o freio de mão na contratação de crédito para o agronegócio na 2ª metade da safra 2024/2025.
A cenário foi descrito por duas das principais cooperativas do segmento presentes na Show Rural Coopavel, que ocorre entre hoje e a próxima sexta-feira, em Cascavel, no Paraná.
O setor financeiro estima que, com a perspectivas da Selic entre 14% e 15,5% ao final do ano, o impacto no volume de concessões já é sentido e será ainda mais a partir da segunda metade da safra.
O Sicredi, por exemplo, projetava chegar a R$ 60 bilhões no final do ciclo, mas agora trabalha com uma faixa entre R$ 55 e R$ 57 bilhões.
Gustavo Freitas, diretor de Negócios, Crédito e Produtos do Sicredi, explica que a primeira metade da temporada registrou um crescimento de 11% no crédito rural, com R$ 41 bilhões concedidos exclusivamente pelo Plano Safra.
"Com a alta da taxa de juros, a expectativa é que o crescimento na segunda metade fique mais próximo de 6%. Prevemos um volume de crédito menor, entre R$ 18 e R$ 19 bilhões, abaixo do registrado na primeira metade”, afirma.
Assim, apesar da sazonalidade, a projeção de concessão de crédito seria 57% menor na comparação entre o primeiro e o segundo semestre da safra 2024/2025.
Produtor reticente
No Sicoob, a expectativa é semelhante. Carlos Schilick, diretor de mercado da cooperativa, explica que o impacto dos juros no setor se dá principalmente na precificação.
"A alta da Selic impacta a captação de recursos, pois investidores passam a exigir uma remuneração maior. Consequentemente, o custo do fundo aumenta e isso precisa ser repassado aos produtores, que fica reticente”, detalha.