Mudança climática pode mudar mapa-múndi do café? Agricultor sul-africano diz que sim
País vive corrida pela produção do grão frente a quebra global, maior demanda e preços em disparada

A produção de café na África do Sul, que já chamava a atenção nos últimos anos pela crescente exigência por qualidade de consumidores, ganhou um novo impulso a partir de quebras da produção global e consequente disparada nos preços internacionais do grão.
Apesar da pequena participação no mercado global, o país tem explorado nichos voltados para o café de alta qualidade e inspirado agricultores a postar na variedade arábica.
Um exemplo desse movimento é a história da Allesbeste, uma tradicional propriedade localizada na cidade de Tzaneen, província de Limpopo, que voltou a investir na cultura após quase um século fora da atividade.
Tradição retomada
A fazenda, que pertence à família Ernst há quatro gerações, tem pouco mais de 600 hectares e há décadas se destaca na produção de abacates, que ainda ocupa cerca de 300 hectares da propriedade.
No entanto, desde 2016, Zander Ernst, atual gestor da propriedade, decidiu retomar o cultivo de café arábica, uma paixão pessoal e uma oportunidade de diversificação em um mercado que vem crescendo.
“Você pode fazer ou não, mas não pode apenas tentar”, diz Zander, demonstrando confiança na produção.
A história da Krabbefontein Coffee remonta a 1903, quando H.S. Altenroxel e C. Plange estabeleceram uma estação experimental de pesquisa agrícola na fazenda Krabbefontein, localizada na região subtropical da província.
O objetivo era testar novas culturas para determinar quais seriam viáveis economicamente para o futuro agrícola da região.
Em 1927, Dr. A.H. Ernst, bisavô de Zander, se estabeleceu em uma parte da fazenda original, que passou a se chamar Allesbeste.
Durante esse período, os produtos cultivados na área, como o café, eram comercializados sob a marca Union of Krabs, destacando a origem dos produtos.
A fazenda também possuía uma serraria chamada Krabbefontein, que foi destruída por um incêndio anos depois.
O café sul-africano
O café da Allesbeste é cultivado em colinas entre 900 e 1.250 metros de altitude, em condições ideais para a cultura.
Segundo Zander, a altitude elevada contribui para a qualidade do grão, que tem potencial para firmar-se como um reconhecido café especial.