Como pesquisadores clonaram uma araucária de 700 anos que tombou no Paraná?

Feito é inédito na pesquisa florestal brasileira

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Como pesquisadores clonaram uma araucária de 700 anos que tombou no Paraná?
19deMarçode2025ás11:55

Uma araucária de aproximadamente 700 anos e 42 metros de altura que tombou durante um temporal em 2023, no município de Cruz Machado, Paraná, ganhou uma nova chance graças a um projeto inovador da Embrapa Florestas.

Pesquisadores conseguiram clonar a árvore centenária, um feito inédito na pesquisa florestal brasileira, e plantaram as mudas clonadas na mesma cidade onde o exemplar original cresceu por séculos. 

A araucária (Araucaria angustifolia) era considerada a maior do estado e um símbolo da paisagem local. No entanto, a clonagem de uma planta tão antiga representou um desafio significativo, já que árvores idosas possuem menor capacidade de regeneração. Mesmo assim, a equipe conseguiu produzir quatro mudas a partir do tronco, preservando o DNA original.

 araucaia

O pesquisador da Embrapa Ivar Wendling comemorou o êxito da iniciativa. "Resgatar uma araucária tão antiga e cloná-la com sucesso é uma conquista científica", afirmou. 

Diferente de árvores convencionais, as mudas clonadas, por serem originárias de tecidos adultos, terão porte menor, mas iniciarão a produção de pinhão mais cedo. Isso pode beneficiar produtores rurais interessados no cultivo sustentável da espécie, já que o pinhão, além de ser um alimento tradicional, tem valor comercial crescente e pode representar uma fonte de renda adicional.

Apesar do avanço, Wendling alerta que as mudas ainda são frágeis e exigem cuidados especiais nos primeiros anos, incluindo irrigação e controle de competidores naturais.

"A árvore original sobreviveu por séculos, mas essas mudas precisam de atenção para continuar esse legado", explicou.

Como a clonagem foi realizada?

A técnica utilizada no processo foi a enxertia, que consiste em unir um fragmento da planta original a uma muda jovem. Assim que a árvore tombou, os pesquisadores coletaram brotos do tronco e os enxertaram em mudas já estabelecidas, garantindo que os novos indivíduos carreguem o mesmo material genético da árvore original.