"Brasil vai ampliar em 50% sua fatia em nosso negócio global”, projeta CEO da Kuhn

Em visita ao país, Thierry Krier sustenta que livre comércio entre Mercosul e União Europeia é positivo e não prejudica nenhum setor

"Brasil vai ampliar em 50% sua fatia em nosso negócio global”, projeta CEO da Kuhn
28deMarçode2025ás16:01

A multinacional francesa Kuhn aposta fortemente no Brasil como um de seus principais motores de crescimento para os próximos anos.

Em entrevista exclusiva ao Agrofy News Brasil, o CEO global da companhia, Thierry Krier, revelou que o país representa hoje 10% dos negócios globais da empresa, mas deve saltar para 15% até 2030, um crescimento de 50% até 2030.

“Só precisamos de um ciclo mais positivo. Isso deve acontecer nos próximos cinco anos”, afirmou o executivo.

A presença da Kuhn no Brasil remonta a mais de três décadas, com investimentos importantes como a aquisição da Metasa, em 2005, seguida pela compra da Montana e, mais recentemente, da Khor.

Segundo Krier, esses movimentos foram parte de uma estratégia antecipada de longo prazo que enxerga o país como peça-chave para garantir a segurança alimentar global.

“Uma em cada oito pessoas no mundo é alimentada com commodities produzidas no Brasil. Isso mostra o potencial imenso desse mercado”, ressaltou.

O CEO também destacou o compromisso da empresa em adaptar tecnologias às condições tropicais brasileiras e o foco atual no desenvolvimento de produtos e ampliação da rede de distribuidores.

“Temos um portfólio completo para agricultura e pecuária, e estamos trabalhando com revendas independentes que estão investindo conosco. Esse é o próximo passo para fortalecer nossa presença local”, explicou.

Com um mix equilibrado entre maquinários voltados para culturas agrícolas e para feno e pecuária, a Kuhn aposta na diversidade para atravessar os ciclos econômicos.

No Brasil, o foco principal recai sobre a agricultura, especialmente nas grandes propriedades rurais, embora a empresa atenda produtores de todos os tamanhos.

“Estamos evoluindo para categorias superiores, com pulverizadores e plantadeiras de grande porte, alinhados à transformação da agricultura brasileira”, completou Krier.

A entrevista também abordou temas como o Pacto Verde Europeu e o acordo entre União Europeia e Mercosul, reforçando o papel estratégico da agricultura no cenário geopolítico e na segurança alimentar.

Para Krier, mais do que barreiras comerciais, o mundo precisa de diálogo e cooperação: “Quando pessoas, bens e ideias circulam livremente, todos saem ganhando”.

Confira a íntegra a seguir:

Agrofy News: Sr. Thierry, qual é o principal motivo da sua visita ao Brasil? Há alguma iniciativa específica ou parceria estratégica sendo discutida aqui?

Thiery Krier: Essa é uma ótima pergunta. Antes de tudo, esta não é, de longe, minha primeira visita. Venho aqui regularmente há 11 anos, acredito. Geralmente duas vezes por ano. E tentamos combinar essas visitas com visitas a clientes e sempre com feiras.

Estamos gravando isso enquanto participamos, com meus colegas, da feira Safra Show. É a minha primeira vez aqui. Entendo que é uma feira em rápido crescimento, com certeza. Mas, como você mencionou, acho que a maior parte desta conversa será sobre estratégia, mercado, expectativas e a visão da nossa empresa sobre tudo isso.

Acredito que fomos, entre os fabricantes não brasileiros, os primeiros a realmente enxergar o Brasil como um mercado estratégico de longo prazo. Há mais de 30 anos estamos envolvidos no Brasil, visitando regularmente. E o primeiro marco para nós foi a compra da Metasa, nossa primeira empresa, lá em 2005.

Depois, seguimos com a aquisição da Montana e, mais recentemente, da Khor. Então, é estratégico. O Brasil tem uma oportunidade fantástica de alimentar o mundo.

Acredito que atualmente o Brasil alimenta cerca de oito pessoas – ou seja, sua produção equivale a alimentar oito vezes sua população – no mundo.

Então, uma em cada oito pessoas no mundo é alimentada com commodities produzidas no Brasil.

Esse é um desafio fantástico que foi abraçado pelo Brasil como nação e pelos produtores brasileiros. Mas isso também mostra o potencial.

Cresceu tremendamente, como você sabe melhor do que eu, nos últimos 10, 20 anos e continua crescendo. Identificamos isso muito cedo. Estamos aqui. Temos hoje um portfólio completo de produtos tanto para agricultura quanto para pecuária.

kuhn maquinário

Podemos considerar mais no futuro, mas no momento acreditamos que o portfólio que temos é muito completo e estamos mais focados em desenvolver o que já temos do que em buscar produtos adicionais para adicionar ao portfólio da Kuhn.

Entre o que produzimos localmente, o que trazemos da Europa e a tecnologia que estamos gradualmente tropicalizando – se posso usar essa palavra engraçada – para as condições brasileiras, temos um prato cheio para os próximos 10 anos, com certeza.

Então, em resumo: realmente um mercado estratégico, uma visão muito antecipada da Kuhn e vários passos para ampliar nossa presença.