Matopiba será a região mais impactada pela lei antidesmatamento da Europa
Com quatro estados entre os maiores desmatadores do país, região enfrenta risco elevado com exigências da EUDR, segundo relatório
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A região do Matopiba — formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — está no epicentro das preocupações do agronegócio brasileiro com a nova Lei de Produtos Livres de Desmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês).
Os quatro estados, junto ao Pará, lideraram o desmatamento no país em 2024 e devem ser os mais afetados pelas restrições impostas pelo bloco europeu às importações de commodities associadas à supressão de vegetação nativa.
A EUDR entra em vigor no dia 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas, e seis meses depois para pequenos exportadores.
A norma proíbe a entrada de produtos como soja, carne bovina, café, cacau, madeira, borracha, papel e óleo de palma se estiverem ligados a áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020 — mesmo que o desmate seja legal no país de origem.
Segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (15/5) pela rede MapBiomas, cerca de 310 mil imóveis rurais brasileiros estão localizados em áreas com registros de desmatamento posteriores à data-limite estabelecida pela EUDR.
A maioria desses imóveis está concentrada justamente nos estados do Matopiba e no Pará, que juntos respondem pela maior parte da vegetação suprimida no período analisado.
“A legislação europeia não faz distinção entre desmatamento legal ou ilegal. O critério é puramente temporal. Isso coloca regiões como o Cerrado, onde o desmate legal é permitido pela lei brasileira, sob risco elevado de restrições comerciais”, destaca o relatório.