Compradores se aproveitam da falta de armazenagem no Brasil para barganhar valores
Presidente da Aprosoja-MT critica gargalo estrutural e defende política fiscal responsável para viabilizar investimentos no agro

Lucas Beber também reforçou a importância de melhorar a comunicação sobre os avanços sustentáveis da agricultura brasileira
“Nós temos esse grande gargalo que é a armazenagem no Brasil. O produtor precisa despachar o milho porque é caro pagar armazenagem. O comprador sabe disso, se aproveita e compra barato”, afirmou Lucas Beber, presidente da Aprosoja-MT, durante o 3º Congresso da Abramilho, realizado em Brasília.
A declaração escancara um problema antigo do agro brasileiro, que volta ao centro do debate em meio à entrada da nova safra de milho no mercado.
Segundo Beber, a oferta elevada pressiona os preços no curto prazo, e a ausência de infraestrutura adequada agrava ainda mais o cenário para o produtor. “Agora já está entrando a nova safra, então o mercado já sabe disso, a oferta. No curto prazo, tende-se a diminuir os preços do milho”, explicou.
O dirigente também apontou que o Brasil vive uma oportunidade estratégica no mercado internacional, especialmente diante da disputa comercial entre China e Estados Unidos.
“A briga é justamente pela guerra comercial. A China tem começado a importar milho nos últimos anos, e os dois maiores exportadores são Estados Unidos e Brasil. O milho norte-americano ficando mais caro abre espaço para a China procurar milho aqui no Brasil”, destacou.
Apesar da pressão nas cotações em Chicago, o Brasil pode se beneficiar com o aumento dos prêmios de exportação. “Chicago pode baixar, mas o prêmio tende a subir aqui, porque eles precisam demandar milho brasileiro. E se estiver mais barato, vão comprar aqui”, afirmou Beber.
Questionado sobre as perspectivas para o milho até o fim do ano, Beber foi cauteloso, mencionando a dependência do desenvolvimento da safra norte-americana. “Agora está difícil falar. A gente precisa ver como vai se desenvolver a soja norte-americana. Mas temos esperança de que os preços não fiquem abaixo dos patamares da pré-colheita da segunda safra.”
Juros altos travam investimentos em armazenagem