Reestruturada, FMC volta os olhos e US$ 600 milhões para o futuro próximo

Renato Guimarães, presidente da companhia no Brasil, detalhou parte do pipeline da empresa até 2029

Reestruturada, FMC volta os olhos e US$ 600 milhões para o futuro próximo
27deJunhode2025ás15:24

Após uma reestruturação enfrentada também por diversos players de insumos agrícolas entre 2023 e 2024, a FMC reforça sua prioridade no agro brasileiro com olhos e investimentos robustos até 2029.

A afirmação é de Renato Guimarães, presidente da FMC no Brasil, que detalhou os desafios recentes e algumas das estratégias da multinacional ao Agrofy News.

“A pandemia para o agro ocorreu após a pandemia da Covid”, diz Renato, explicando a forte oscilação que atingiu o mercado. Segundo ele, a alta demanda entre 2019 e 2022 levou ao acúmulo excessivo de estoques e à queda brusca dos preços, afetando profundamente distribuidores e fabricantes.

Em resposta, a FMC foi uma das primeiras grandes empresas no setor a promover uma reestruturação, iniciada no fim de 2023 e concluída até abril de 2024. “O sonho de 2021 e 2022 não era realidade. Readequamos a empresa ao tamanho real da operação”, explica o executivo.

Com essa estabilização concluída, a FMC agora se volta para o futuro com planos consistentes de expansão, baseados principalmente na inovação tecnológica. “Passamos de uma empresa pós-patente para sermos uma companhia pré-patente graças à aquisição dos ativos de pesquisa da DuPont”, afirma Renato.

Como a incorporação dos ativos ocorreu em 2017, a FMC iniciou o processo de desenvolver/registrar novas moléculas, o que leva até sete anos anos.

Passado este período, a empresa começa a entregar “o futuro da proteção de lavouras” que inclui seis novas moléculas no mercado brasileiro até 2029 a partir de US$ 600 milhões de investimento.

Os primeiros deles, já disponíveis, são o fungicida multiculturas Onsuva, que em dois anos tornou-se o principal produto da FMC no país, e o herbicida Isoflex, a primeira nova molécula com modo de ação inédito no Brasil em quase quatro décadas.

O pipeline da FMC inclui ainda investimentos estratégicos em biológicos, especialmente com o produto Sofero Fall, um feromônio para o controle da Spodoptera frugiperda, que tem potencial de reduzir drasticamente a população da praga em culturas como milho e algodão.

Mais culturas

Essa ampliação de portfólio permitiu que a FMC diversificasse sua atuação para além das culturas tradicionais como cana-de-açúcar, arroz e algodão, ganhando destaque também em soja, milho e especialidades. “Agora conseguimos jogar todos os jogos do mercado agrícola brasileiro”, garante Renato.

Outro avanço crucial envolve o modelo de distribuição, que passou por ajustes regionais significativos. No sul, o foco recai sobre distribuidores regionais e cooperativas; no Centro-Sul, há uma combinação equilibrada entre distribuição e vendas diretas aos grandes produtores.

“Precisamos competir também em vendas diretas, mas mantendo forte nosso sistema de distribuição”, esclarece o executivo.

No campo financeiro, a FMC aposta fortemente no barter, considerado por Renato como a melhor ferramenta financeira desenvolvida nos últimos 30 anos para o agro. “Estamos investindo em treinamento para expandir o barter entre nossos clientes”, revela.

Renato também reconhece os desafios financeiros atuais, incluindo as altas taxas de juros e os riscos de crédito, agravados pelas recuperações judiciais recentes. Porém, garante: “O produtor não ficará sem as nossas inovações tecnológicas e financeiras”.