De uma dúvida no estágio a 100 edições: zootecnista da USP guia a gestão do confinamento
Com 100 edições, o boletim do zootecnista Gustavo Sartorello, da USP Pirassununga, ajuda produtores a entender custos e margens do confinamento bovino

Tudo começou com uma pergunta simples, mas que ninguém havia conseguido responder de forma clara para ele: “quanto custa produzir um quilo de carne e um quilo de milho?”
Foi ao final da graduação em Zootecnia que o zootecnista, mestre e doutor em Produção Animal e pesquisador da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), em Pirassununga, Gustavo Sartorello, decidiu transformar essa inquietação em projeto de vida.
“Apesar de toda a formação técnica, essa era uma pergunta que ninguém havia realmente me ensinado a responder”, recorda.
“Durante o mestrado, percebi duas lacunas muito claras. Na pesquisa científica, faltava uma metodologia explícita e padronizada que permitisse comparar custos de produção entre diferentes trabalhos. Cada estudo tinha seus próprios critérios, o que dificultava qualquer tipo de análise comparativa. Já no campo, o problema era outro: faltava um método confiável para transformar números em indicadores realmente comparáveis”, completa.
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Durante um estágio sob a orientação do professor Dr. Augusto Gameiro, a curiosidade se transformou em pesquisa aplicada — e, depois, em uma ferramenta prática para o campo.
O resultado foi o Índice de Custo de Produção de Bovinos Confinados (ICBC) e uma planilha gratuita que permite a qualquer produtor calcular seus próprios custos de produção.
Nasce o ICBC: padronizar para comparar
“O ICBC surgiu justamente para padronizar esse raciocínio”, explica Sartorello. “Ele permite comparar de forma justa e responder, caso a caso, o que realmente está por trás de todos os custos de produção.”
A primeira edição do boletim, lançada em maio de 2017, foi feita de forma artesanal, com coleta manual de dados e diagramação própria. O rigor técnico foi o maior desafio.
“Cada número precisava ser impecável. A credibilidade era tudo”, relembra. “O maior desafio era garantir consistência e credibilidade logo de início, porque estávamos apresentando algo inédito. O retorno veio: produtores começaram a usar o boletim como referência e a imprensa especializada passou a citar nossos dados.”
De planilha a referência nacional
Com o tempo, o boletim se consolidou como referência nacional em custos de confinamento. A consistência metodológica e a divulgação constante fizeram com que os dados fossem reproduzidos por empresas, técnicos e veículos especializados.