Plataforma traz mapa sobre condições agronômicas de todo Brasil
AgroClimatic visa indicar melhores áreas para cultivo por município
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Um grupo de pesquisadores brasileiros e britânicos lançou, em fevereiro, a Plataforma AgroClimatic com indicadores edafoclimáticos, como chuva, umidade e matéria orgânica no solo, por município em todo o território nacional.
A iniciativa contou com recursos do Fundo Newton/Embaixada Britânica a partir do projeto de pesquisa Monitoramento e Previsão de Impactos Climáticos na Agricultura, que integra o programa Climate Science for Service Partnerships (CSSP) Brazil.
O AgroClimatic apresenta indicadores de umidade do solo e combina, de forma inédita, outros dois índices sobre variabilidade de chuva e saúde da vegetação para melhorar a precisão do monitoramento.
As informações podem ser visualizadas de maneira separada ou integrada e por município brasileiro. A tecnologia é fácil e amigável para qualquer usuário, de agricultores a gestores.
O projeto foi liderado pelo pesquisador brasileiro Marcelo Galdos (Universidade de Leeds) e contou com as participações de Marcelo Zeri e Ana Cunha (Cemaden), Fabio Marin (Esalq/USP), Murilo Vianna (Universidade de Leeds) e estudiosos britânicos.
Estiagem
O estudo teve como meta acompanhar a ocorrência de secas na agricultura no presente e passado recentes, por meio da combinação de diversos indicadores para ajudar o produtor rural a se preparar melhor para elas.
Outro objetivo foi simular os efeitos de mudanças graduais e eventos climáticos extremos na produção das principais culturas brasileiras, como milho, soja, cana-de-açúcar e sorgo.
O estudo permitiu traçar os impactos das mudanças climáticas nas culturas para permitir adaptações ao novo contexto e maior resiliência aos impactos.
Conforme os pesquisadores, de acordo com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as mudanças do clima afetam a agricultura e diminuem a sua produtividade, num contexto de provável aumento de demanda de alimentos até a metade deste século.
O aumento de ocorrências de secas, chuvas e altas temperaturas afetam diretamente as culturas agrícolas.
Simulação
Os pesquisadores aprimoraram o modelo de ecossistemas Jules (Joint UK Land Environment Simulator), que reproduz fluxos de água, carbono e nutrientes entre a vegetação e a atmosfera para prever com mais precisão os impactos das mudanças climáticas futuras no contexto brasileiro e suas relações com a agricultura.
Para isso, as simulações de umidade do solo fornecidas pelo Jules foram comparadas com índices de agricultura e de clima e ajustadas de acordo com medições realizadas em testes de campo. Depois, o modelo foi adaptado e avaliado para culturas como cana-de-açúcar e milho.
Os pesquisadores descobriram que em temperaturas inferiores a 35 graus, a produção aumentaria, mas acima disso, é esperada uma queda abrupta na produtividade. “Esse tipo de informação pode contribuir para o desenvolvimento de culturas mais resistentes à seca ou para estabelecer mudanças nas áreas de cultivo, por exemplo”.
Conforme os pesquisadores, outro grande diferencial do Jules é que ele permite investigar não só o efeito das mudanças climáticas na agricultura, mas também os efeitos da agricultura e da mudança do uso da terra no clima, como o avanço da soja áreas de florestas, essenciais para a regulação do regime de chuvas e das temperaturas.