Mapa discutirá Plano Safra com Banco Central e Economia
Secretário do Mapa também pede apoio da FPA para ampliar recursos ao setor
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O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Soria Bastos Filho, disse em reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), realizada ontem, que o grande desafio da pasta é o poucos recursos e tempo para executar as demandas mais importantes.
“Temos o Plano Safra pela frente e vivendo momento em que o mundo e o Brasil precisam de mais alimentos. Precisamos garantir o aumento da nossa produção agropecuária e isso só será possível se tivermos apoio para a construção desse plano”, afirmou Bastos Filho, que comparou o orçamento a um cobertor curto.
Segundo ele, o ministério está trabalhando continuamente junto à frente parlamentar da agricultura para conseguir o apoio no Congresso já que parte do orçamento está nas mãos dos parlamentares. O executivo diz que o Ministério não pode depender de problemas orçamentários.
Além disso, Guilherme defendeu a necessidade de que o MAPA tenha mais liberdade para poder tocar assuntos como seguro rural, regularização fundiária, crédito fundiário e investimentos específicos que sejam necessários. “De outra forma, continuaremos sempre nessa situação tão delicada”, explicou.
O tema será discutido em breve com presidente do Banco Central, Roberto Campos, o ministro da Agricultura, Marcos Montes, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, devido à necessidade de se obter R$ 20 bilhões para destravar o plano para o biênio 2022-23, segundo o secretário do MAPA. “A questão toda é onde achar esse recurso hoje dentro do orçamento do Tesouro”.
Entre outros temas abordados por Bastos Filho está a desburocratização de serviços, por meio de um plano de transformação digital. Avançar na gestão de dados é fundamental para amparar as políticas voltadas ao setor e melhorar processos.
Em relação ao financiamento privado, disse que a ideia é ampliar, destravar e permitir expansão para toda a cadeia do Agro. “Para tanto, precisamos do empenho dos parlamentares para que possamos, neste momento de restrição orçamentária, garantir os recursos públicos que viabilizarão o Plano Safra”.
Agrinordeste
Além do Plano Safra, Guilherme Soria Bastos Filho mencionou durante a reunião do Cosag o projeto Agrinordeste, iniciado em 2019, como essencial para dinamizar o acesso ao crédito e à comercialização de produtos, bem como impulsionador da geração de renda para esses produtores. “Já são 31 mil unidades atendidas, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), e temos compromisso de ampliar esse número para 100 mil propriedades”, destacou.
O programa Residência Profissional Agrícola, iniciado pela ministra Tereza Cristina, também foi lembrado pelo representante do MAPA. O objetivo é capacitar e qualificar jovens profissionais. “Já temos 103 projetos com 56 instituições de ensino e 1328 jovens residentes, tudo isso com investimento relativamente pequeno, de R$ 25 milhões. E queremos tornar esse programa em algo permanente”.
Em relação ao mercado externo, Bastos Filho disse que não se pode apenas pensar no mercado interno. “Até o final do ano teremos participação em 17 feiras comerciais e pretendemos ter mais 50 novos mercados internacionais abertos”, afirmou. “São quatro missões interministeriais previstas, o que dará continuidade às negociações em andamento para garantir o suprimento dos fertilizantes”.
Desde 2019, segundo o secretário, o órgão está trabalhando no processo de reorganização de geração dessas estatísticas agropecuárias. “Como podemos trabalhar e dar sustentação à ampliação do nosso setor e dizer que somos pujantes se não tivermos dados confiáveis?”, questionou. O MAPA quer ampliar o uso da imagem de satélites e atingir 80 milhões de hectares mapeados.
Além disso, existe a previsão de criar um núcleo de inteligência estratégica. “A ideia é organizar e dar prioridade à gestão de dados e de informações estratégicas para o ministério. Queremos aprimorar o Observatório da Agropecuária e reunir os dados em um só local, de modo a proporcionará maior diálogo com a sociedade e com o mundo”, concluiu.