Cientista aponta cinco prioridades para o agronegócio brasileiro
Cientista diz que ações de sustentabilidade precisam entrar na agenda das eleições
|Acabar com o desmatamento, diminuir a dependência de fertilizantes importados, fortalecer a agricultura familiar, investir em bioeconomia e preservar as nascentes e os mananciais para garantir água às cidades e à agropecuária.
Estas são as cinco prioridades do agronegócio brasileiro, segundo uma seleção feita pelo cientista Eduardo Assad para o Agrofy News Brasil.
Engenheiro agrícola formado pela Universidade de Viçosa, Assad cursou mestrado e doutorado em Monttpellier, na França. Trabalhou durante 35 anos na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e foi coordenador técnico nacional de Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos do Ministério da Agricultura durante 10 anos.
“São medidas que deveriam constar do programa de governo dos presidenciáveis, mas geralmente eles não fazem planos para a agricultura, mas apenas cartas de intenções”, diz Assad, que atualmente é professor do curso de pós-graduação em agronegócios da FGV e coordenador técnico do Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação.
A seguir os principais trechos da entrevista com Eduardo Assad:
1- FIM DO DESMATAMENTO
"É preciso acabar com o desmatamento ou o país perderá mercado lá fora. Não temos outra solução. Já fizemos isso no passado. Em 2005, o governo fez um trabalho importante de comando e controle para conter a escalada do desmatamento na Amazônia.
O governo identificou naquela época os 43 munícipios que mais desmatavam e embargou todos os recursos oficiais que eles recebiam. Com isso, o país reduziu de 25 mil km2 a área desmatada, em 2005, para 4.000 km2 em 2014.
Hoje sabemos que não são mais 43 municípios desmatadores, e sim doze ou treze. Mas, mesmo assim, estamos com 13 mil km2 de desmatamento. O comando que o vice-presidente Mourão prometeu não aconteceu, e o Ministério do Meio Ambiente desmontou a fiscalização do Ibama na Amazônia.
Só a mitigação não resolve. Para compensar 1 hectare de desmatamento na Amazônia, é preciso recuperar 200 hectares de pasto degradado. O balanço será sempre negativo.