Estudo de brasileira melhora fotossíntese e rendimento da soja

Bioengenharia obteve 20% mais produtividade da oleaginosa ao aproveitar melhor o sol

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A cientista brasileira, Amanda de Souza, diz que objetivo da iniciativa é ampliar a oferta de alimentos em regiões vulneráveis do mundo. (foto - Ally Arp/Universidade de Illinois)

A cientista brasileira, Amanda de Souza, diz que objetivo da iniciativa é ampliar a oferta de alimentos em regiões vulneráveis do mundo. (foto - Ally Arp/Universidade de Illinois)

24deNovembrode2022ás12:43

Pela primeira vez, a ciência conseguiu melhorar a fotossíntese das plantas por meio de bioengenharia e alcançar maiores rendimentos na produção de soja. O resultado, publicado recentemente na revista Science, foi alcançado por pesquisadores da Universidade de Illinois, com uma brasileira como principal autora da pesquisa.

Após 10 anos de estudos, o grupo de pesquisa chamado Ripe (Realizando o Aumento da Eficiência Fotossintética, do inglês) comprovou que variedades transgênicas da oleaginosa tiveram maior rendimento na fotossíntese, sem perda de qualidade do grão. A notícia foi divulgada em outubro.

A fotossíntese, o processo natural que todas as plantas usam para converter a luz solar em energia e produzir, é um processo surpreendentemente ineficiente em mais de 100 etapas.

“O grande impacto desse trabalho é abrir caminhos para mostrar que podemos fazer a bioengenharia da fotossíntese e melhorar a produtividade para aumentar a produção de alimentos nas principais culturas”, disse a cientista brasileira, Amanda de Souza, integrante do Ripe.

Assim, o grupo melhorou a construção VPZ que é um conjunto de genes da planta de soja para aprimorar a fotossíntese e, em seguida, realizou testes de campo para aferir o rendimento. 

Acelerando a fotossíntese da soja

A construção VPZ contém três genes que codificam proteínas do ciclo da xantofila, que é um ciclo do pigmento que auxilia na foto-proteção das plantas. Uma vez em pleno sol, este ciclo é ativado nas folhas para protegê-las de danos, permitindo que as folhas dissipem o excesso de energia.

No entanto, quando as folhas estão sombreadas (por outras folhas, nuvens ou pelo sol que se move no céu) essa fotoproteção precisa ser desligada para que as folhas possam continuar o processo de fotossíntese com uma reserva de luz solar. 

Leva vários minutos para a planta desligar o mecanismo de proteção, custando às plantas um tempo valioso que poderia ter sido usado para a fotossíntese.