Vacinas plant based abrem mercado bilionário para a agricultura
Bioengenharia já transforma laboratórios em lavouras para produção de imunizantes e medicamentos comestíveis
Outros desdobramentos da “agricultura molecular” são transformar as plantas em medicamentos comestíveis, (foto - Medicago)
Dois universos até então muito distantes, as lavouras e os laboratórios de medicamentos, estão cada vez mais próximos graças ao desenvolvimento de técnicas para produção de vacinas “plant based” para humanos e animais por meio do metabolismo das plantas.
Uma corrente inovadora da bioengenharia e da engenharia genética descobriu que as plantas são capazes de operar como biorreatores para sintetizar vacinas para diversas doenças como, por exemplo, a Covid-19.
Apesar pouco conhecido pela maioria das pessoas, este nicho já é bilionário e crescerá cada vez mais. Segundo relatório recente da Persistant Market Research, o mercado global de vacinas à base de plantas valia US$ 1,3 bilhão em 2021 e deve crescer 7,8% ao ano até 2032.
As tecnologias de produção de produtos biológicos à base de plantas, ou plant based, melhoraram muito nos últimos 30 anos e tornaram-se comercialmente viáveis e, alguns casos, até mais vantajosas que os modelos tradicionais.
Graças a bioengenharia e genética, as plantas agora têm o potencial de fabricar compostos complexos para mamíferos, como animais de produção e seres humanos. Tudo isso a custos de produção comparativamente baixos, velocidade de desenvolvimento, escalabilidade significativa e versatilidade.
“A crescente atividade biofarmacêuticas, grande carga global de doenças e custos operacionais mais baixos para a produção de vacinas à base de plantas são fatores que devem impulsionar o crescimento do mercado nos anos previstos”, diz o relatório da Persistence Market Research.
Vacina à base de plantas contra a Covid-19
A empresa canadense Medicago, por exemplo, conseguiu sintetizar em plantas uma vacina contra a Covid-19. O imunizante imita a camada externa do vírus para estimular a resposta imunológica e foi desenvolvido em apenas três semanas usando “agricultura molecular”.
A empresa é líder em tecnologia à base de plantas e já demonstrou antes a capacidade de responder a uma pandemia de gripe. Em 2009, por exemplo, a empresa produziu uma vacina contra o H1N1 em apenas 19 dias.