CTNBio diz que soja com genoma tolerante à seca é convencional

Decisão deve acelerar “caminho” de nova cultivar até os produtores, diz Embrapa

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Embrapa aponta que, na safra 2021/22, os estados do Rio Grande do Sul, PRraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul perderam mais de R$70 bilhões em grãos de soja. (foto - CNA/Senar)

Embrapa aponta que, na safra 2021/22, os estados do Rio Grande do Sul, PRraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul perderam mais de R$70 bilhões em grãos de soja. (foto - CNA/Senar)

20deMarçode2023ás11:29

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou recentemente como convencional cultivar de soja desenvolvida pela Embrapa com genoma alterado para a tolerância à seca.

A medida deve acelerar o caminho da cultivar – que ainda é longo, de pelo menos 3 anos - até o mercado, quando estará de fato disponível aos produtores brasileiros.

“Ao considerar essa soja como não transgênica, os processos de pesquisa são menos burocráticos e, portanto, conseguimos reduzir o prazo e os custos para que as cultivares tolerantes à seca cheguem ao mercado”, destaca Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.

A cultivar utiliza a técnica de edição gênica CRISPR (em português, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) para alterar o genoma da soja, deixando-o mais resistente em cenários de escassez hídrica – a exemplo do que vem ocorrendo no Rio Grande do Sul, com perdas superiores a 40% nas lavouras da cultura.

A decisão da CTNBio, respaldada na legislação brasileira (RN16), é, segundo os pesquisadores, alinhada com o que vem ocorrendo na maioria dos países que desenvolvem tecnologias para a agricultura, como os EUA, Canadá, Austrália, Japão, China e Argentina. 

“O entendimento é que a biossegurança é mantida, quando as alterações no DNA feitas com técnicas de edição gênica reproduzem mutações que poderiam ocorrer naturalmente ou então serem obtidas por técnicas de melhoramento genético tradicional”, relata Nepomuceno.

“Por isso, esses organismos com genoma editado não têm sido considerados organismos transgênicos mas, sim, convencionais”, explica.

Nepomuceno lembra ainda que a União Europeia (UE), que era a única região do mundo que ainda considerava que qualquer técnica de alteração genética deveria ser considerada como transgenia, alterou sua posição em fevereiro de 2023.