Ganho de eficiência no agro brasileiro poupou 775 milhões de hectares de florestas

Recente estudo do Ipea atribui crescimento da agropecuária à tecnologia

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Entre 1990 a 2021, a eficiência produtiva tem crescido a uma taxa média de 3,1% ao ano, enquanto as emissões de GEE cresceram em torno de 1,4%.

Entre 1990 a 2021, a eficiência produtiva tem crescido a uma taxa média de 3,1% ao ano, enquanto as emissões de GEE cresceram em torno de 1,4%.

03deAgostode2023ás12:52

O ganho de produtividade na agropecuária brasileira permitiu poupar 775 milhões de hectares de florestas no período entre 1970 e 2021 graças aos avanços tecnológicos e científicos.

A informação consta do livro ‘Agropecuária brasileira: evolução, resiliência e oportunidades’, divulgado nesta terça-feira, pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

A publicação explica que o crescimento contínuo da produção agropecuária brasileira está diretamente relacionado à modernização das atividades, que permitem produzir mais na mesma área, bem como reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“Não há dúvidas de que o agronegócio tem uma capacidade muito elevada de restaurar o meio ambiente”, disse Eliseu Roberto de Andrade Alves, um dos fundadores da Embrapa e autor do prefácio do livro.

Da década de 1970 até os dias de hoje, o efeito poupa-florestas, advindo dos ganhos de produtividade, ficou em torno de 775 milhões de hectares, área que deixou de ser desmatada, ou o equivalente a doze vezes o tamanho da França.

Segundo os autores, a principal explicação vem de um conceito conhecido como produtividade total dos fatores (PTF), que considera a produção de 35 tipos de lavouras dividido pelo uso de “insumo” (terras, pessoal ocupado, máquinas agrícolas automotrizes, fertilizantes e defensivos agrícolas).

A média brasileira do crescimento da PTF, que se manteve em 3,31% nos últimos 46 anos (1975-2021), foi superior à média mundial de 1,12% ao ano (a.a.). Esteve também acima das médias dos principais produtores mundiais, tais como Estados Unidos (1,48%), Argentina (2,0%) e Austrália (1,56%).

Para o período considerado nessa comparação, 1961-2019, a PTF da China foi de 4,41% a.a. No entanto, para períodos mais recentes, a PTF do Brasil foi superior à da China.