Marco Temporal: entenda o impasse entre Congresso e STF

Para a CNA, sem o Marco Yemporal cria-se uma insegurança jurídica

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Tese do Marco Temporal foi declarada inconstitucional pelo STF, ainda assim, deputados e senadores a aprovaram no Congresso. (Fabio Pozzebom/Ag. Brasil)

Tese do Marco Temporal foi declarada inconstitucional pelo STF, ainda assim, deputados e senadores a aprovaram no Congresso. (Fabio Pozzebom/Ag. Brasil)

26deDezembrode2023ás09:04

Em um ano de seca na Amazônia, temperaturas extremas, fome e desnutrição de populações indígenas, o Brasil discute a redução das demarcações das terras indígenas.

A tese do Marco Temporal foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ainda assim, deputados e senadores a aprovaram no Congresso Nacional. 

“Todo dia é dia de luta, é todo dia, não tem um dia que a gente está tranquilo, que a gente está bem. Todo dia a gente tem violações de direitos. Nós já fomos resistentes por mais de 500 anos, vamos continuar na resistência”, diz a advogada indígena e assessora jurídica da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) Cristiane Baré.

Ela foi uma das juristas a fazer a sustentação oral contra o Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal, em 2021. 

Pela tese do Marco Temporal, os indígenas só terão direito ao território em que estavam na promulgação da Constituição, em outubro de 1988.

“Não faz sentido, porque nós somos os habitantes desse país, somos os primeiros habitantes originários dessa terra. Quando houve a invasão do Brasil, nós estávamos aqui. Trazer um marco é querer se desfazer de tudo que aconteceu, com violações de direitos que ocorreram desde a invasão, as retiradas forçadas dos povos indígenas, o processo de violências que foram sofridas”, afirma a advogada. 

 Em 21 de setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal invalidou a tese, que entendeu ir contra o que prevê a Constituição brasileira.

A Câmara e o Senado, porém, aprovaram um projeto de lei oito dias após para incluir a tese do Marco Temporal em lei federal. Em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou parcialmente o projeto aprovado no Legislativo, argumentando que a tese já havia sido considerada inconstitucional. O Congresso, no entanto, derrubou os vetos do presidente.

Após a derrubada de vetos, tanto organizações indígenas, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) quanto o próprio governo, começaram a elaborar recursos para serem analisados pelo STF.