Exportação de café dispara 37,8% com recorde para o mês de março
Variedades conilon e robusta tiveram aumento de 591,9% no primeiro trimestre
|As exportações brasileiras de café totalizaram 4,293 milhões de sacas de 60 kg em março de 2024, o que representa um incremento de 37,8% frente ao apurado em idêntico período do ano passado.
Esse volume é recorde para este mês em toda a série histórica do boletim estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Em receita, o desempenho é 35,2% superior no mesmo intervalo comparativo, com o ingresso de divisas saltando de US$ 675,7 milhões, em março de 2023, para os atuais US$ 913,6 milhões.
Todos os tipos de café embarcados pelo Brasil apresentaram crescimento no mês passado, com o destaque ficando com os canéforas - robusta e conilon, que avançaram 689,4% em relação a março de 2023.
“Dada a produção relevante de conilon na safra 2023/24, que pode se repetir no ciclo 2024/25, o Brasil tem conseguido atender à demanda internacional, suprindo dificuldades causadas pelos problemas climáticos na Indonésia e no Vietnã”, analisa Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Durante sua participação na Convenção Anual da National Coffee Association (NCA), em março, nos Estados Unidos, ele, contudo, apurou que, embora a redução da produção exista no Vietnã, ela não é tão grande como se esperava.
“Apuramos, durante nossa participação na Convenção da NCA, que houve, de fato, uma retenção muito grande no ano passado, possivelmente à espera de melhores preços. Com a alta do mercado, os volumes embarcados pelo Vietnã, no primeiro trimestre, foram muito expressivos, subindo mais de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior”, interpreta.
Segundo ele, a Indonésia sofreu mais o impacto do El Niño em sua produção. “Aliado a isso, o aumento do consumo interno da bebida no país também ajuda a reduzir a disponibilidade para embarques”, acrescenta.
No cenário interno, o presidente do Cecafé anota que, como reflexo dos preços mais altos dos canéforas, já se observa uma gradativa redução da participação do conilon nos blends das indústrias.
O percentual já está se aproximando do observado nos anos anteriores à escassez de arábica, após a geada de 2021.
“A redução dos robustas nos blends também vem sendo possível devido à relevante recuperação das safras de arábica nos últimos dois anos. E o início da colheita de uma esperada boa safra de arábica em 2024/25, a partir de maio, deverá favorecer ainda mais o incremento dessa espécie no blend nacional”, projeta.
Boom dos canéforas
No acumulado dos nove primeiros meses da temporada cafeeira 2023/24, as exportações do Brasil avançaram 25,8%, saindo de 27,798 milhões de sacas, entre julho de 2022 e março de 2023, para os atuais 34,974 milhões.