Governadores pressionam por punições mais severas e PF age contra incêndios criminosos

Cidades do Norte e Centro-Oeste respondem por 20,5% das queimadas no Brasil em 2024

|
Incêndios no país atingiram, apenas neste ano, mais de 11 milhões de hectares, entre janeiro e agosto; (Foto-Bruno-Rezende)

Incêndios no país atingiram, apenas neste ano, mais de 11 milhões de hectares, entre janeiro e agosto; (Foto-Bruno-Rezende)

20deSetembrode2024ás10:00

Após os governadores das Regiões Centro-Oeste e Norte irem até Brasília cobrarem punições mais rigorosas, a Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira de manhã (dia 20) uma operação contra a onda de incêndios em áreas florestais e de agropecuária que devastam o país.

A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na região de Corumbá, Mato Grosso do Sul, visando suspeitos de incêndio, desmatamento e exploração ilegal de terras da União. Os investigados são acusados de atear fogo em áreas da União para a criação de gado, causando danos estimados em mais de R$ 220 milhões.

Os sete mandados foram direcionados a indivíduos suspeitos de provocar incêndios para exploração econômica das terras. Além de incêndio, os alvos enfrentam investigações por desmatamento, exploração ilegal de área pública, falsidade ideológica, grilagem e associação criminosa. A identidade dos suspeitos não foi divulgada.

Após os incêndios, o grupo criminoso falsificava documentos junto a órgãos governamentais para obter posse das terras, prática conhecida como "grilagem".

De acordo com a Polícia Federal, os suspeitos são investigados por ocuparem irregularmente uma área que abrange 6.419,72 hectares.

As investigações revelaram a presença de pelo menos 2.100 cabeças de gado na área da União, com estimativas indicando que mais de 7.200 animais podem ter sido criados ao longo do período investigado.

Os dados coletados durante as investigações sobre os incêndios em 2024 mostram que a área queimada é frequentemente alvo de crimes ambientais, seguida pela grilagem, com fraudes junto a órgãos governamentais.

Perícia da Polícia Federal

A perícia da Polícia Federal identificou danos superiores a R$ 220 milhões decorrentes da exploração da área pelos investigados.

Os suspeitos poderão responder, conforme suas responsabilidades, pelos crimes de provocar incêndios em matas ou florestas, desmatamento, exploração econômica de áreas de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.

A operação foi batizada de "Prometeu", em referência ao uso inadequado do fogo nas pastagens do bioma pantanal, incentivando a pecuária e o avanço sobre o Pantanal. O nome também alude ao personagem da mitologia grega que, ao roubar o fogo dos deuses e entregá-lo à humanidade, sofreu as consequências de sua má utilização.