“Os extremos que dominam o diálogo sobre agro e meio ambiente jamais irão se sentar juntos”, diz Marcello Brito
Para ele, setor produtivo deveria condenar claramente a mentalidade faroeste dos grileiros
Marcello Brito é uma voz moderada na construção das soluções, tanto para o agro como para o meio ambiente, no debate sobre o papel do campo nos debates sobre o clima. Contudo, sua posição está longe de estar em cima do muro.
Para ele, os radicalismos de ambientalistas e de setores “faroeste” do agronegócio prejudicam tanto os objetivos de sustentabilidade ambiental, como o desenvolvimento da produção.
“Não podemos discutir esse tema com extremismos: nem do lado ambiental, que exige desmatamento zero amanhã, nem do lado mais radical do agro, que quer manter o desmatamento a qualquer custo. Temos que buscar um caminho intermediário”, sentencia.
Ex-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Brito também aponta para o governo ao cobrar compromissos factíveis e justos quanto a desmatamento e emissões de gases de efeito estufa, não apenas “metas de marketing ambiental”.
“O Brasil já esgotou seu estoque de promessas não cumpridas, especialmente com a meta para 2025, que não vamos entregar. Não cumpriremos o que prometemos no Acordo de Paris, especialmente com o aumento das queimadas. Portanto, para 2035, precisamos redobrar o cuidado nas promessas”, alerta.
Na entrevista ao Agrofy News, concedida durante o 16º Congresso da ABMRA, ele firma as bases para o diálogo:
"Por que o senhor cobra uma "conversa de adulto" entre ambientalistas, governo e o agronegócio?
Estamos diante de dois desafios enormes: a urgência climática e a emergência climática, que são diferentes, mas interligados. Esses desafios exigem uma nova abordagem de desenvolvimento, diferente do que fazíamos não só no século passado, mas até na última década.
O desmatamento, por exemplo, é difícil de justificar em qualquer debate atualmente.