Contratação de crédito cai na medida em que o clima esquenta

Thays Moura, co-fundadora da Agree, comenta momento e vê cenário como desafiador

Moura aponta que os preços das principais commodities, como a soja, não devem retornar aos níveis de três anos atrás. (Foto - Divulgação)

Moura aponta que os preços das principais commodities, como a soja, não devem retornar aos níveis de três anos atrás. (Foto - Divulgação)

24deSetembrode2024ás14:36

Um estudo recente divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) revelou uma tendência preocupante: os produtores rurais estão cada vez menos dispostos a buscar financiamento para a próxima safra.

O levantamento, intitulado “Monitor de Tendências do Agronegócio Brasileiro”, aponta que o alto custo do crédito rural e a crescente burocracia estão desestimulando os agricultores a procurar recursos financeiros, essenciais para custear a produção.

Já em relação à gestão de risco, cerca de 40% dos entrevistados têm a contratação do seguro rural em seu radar.

O cenário é desafiador, principalmente em um momento em que os efeitos das mudanças climáticas impactam diretamente a produtividade das lavouras. Na última safra, problemas como a escassez de chuvas em diversas regiões forçaram o replantio, atrasando a colheita e comprometendo a rentabilidade.

“Muitos produtores, que já recorrem anualmente a financiamentos, terão que continuar buscando financiamento para custear a lavoura e continuidade das operações”, explica Thays Moura, co-fundadora da Agree, empresa especializada em crédito agrícola, ao Agrofy News.

A tendência, no entanto, é de uma redução nos investimentos. O estudo da FIESP reflete a cautela dos produtores diante de uma conjuntura econômica desfavorável.

"Com o aumento da taxa Selic e os juros do Plano Safra 24/25 que não caíram, os produtores que não conseguirem acessar os créditos subsidiados terão que recorrer a financiamentos com juros convencionais, o que agrava a situação", analisa Moura.

Ela acrescenta que, além dos custos, os bancos estão exigindo informações mais detalhadas para a liberação de crédito, dificultando o acesso aos recursos.

Perspectiva incerta

A perspectiva para 2024 também é incerta. Moura aponta que os preços das principais commodities, como a soja, não devem retornar aos níveis de três anos atrás, o que cria um desafio adicional para os produtores que realizaram grandes investimentos nesse período.