Vai faltar laranja, mas Brasil não será uma nova Flórida
Brasileiros vão vivenciar inédita escassez da fruta até 2026 devido à produção em queda e preços disparados
Os brasileiros vão enfrentar uma situação inédita para manter o agradável hábito de consumir laranja, seja como fruta ou suco, mesmo vivendo no maior país produtor e exportador da fruta.
Além de pagar preços que não param de subir desde o início do ano, os consumidores correm o risco de até mesmo vivenciar escassez de laranjas de qualidade ao menos até 2026.
Para se ter ideia, o preço médio mensal da laranja indústria subiu mais de 60% e o da laranja pera, outros 58%, desde janeiro de acordo com o Cepea. Além disso, já existem indústrias reduzindo operações por falta da fruta.
A somatória de clima adverso e o avanço do greening repete no Brasil a redução drástica da oferta já verificada em outros países produtores, como Estados Unidos, Espanha ou México, que ajudaram o Brasil a dominar 70% das exportações mundiais.
Segundo dados consolidados do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), o país projeta colher 215,7 milhões de caixas da fruta na safra 2024/2025 contra 307,2 milhões na última temporada, uma quebra de 29,8%. Contudo, o resultado final pode ser consideravelmente pior.
De acordo com Toni Simonetti, vice-presidente da Associação Brasileira dos Citros de Mesa (ABCM), os resultados finais podem chegar a 50% de queda na produção desta temporada.
“Vejo até mesmo pela minha propriedade, que está no coração do cinturão de citros, no centro de São Paulo. Aqui vemos frutas menores em tamanho e em volume. O normal é ter uma laranja com até 260 gramas e estamos observando algumas com não mais de 150 gramas”, disse.
O prognóstico para o próximo ano não inspira otimismo quanto a uma possível recuperação. Segundo ele, que também produz em Minas Gerais, as chuvas esperadas para a primeira quinzena de outubro vieram bastante aquém do previsto e menos ainda do desejável.