Assembleia do MT reclassifica 9,6 milhões de hectares de Amazônia para Cerrado

Medida polêmica foi encaminhada para sanção do governador Mauro Mendes

Assembleia do MT reclassifica 9,6 milhões de hectares de Amazônia para Cerrado
10deJaneirode2025ás15:22

A Assembleia Legislativa do Mato Grosso (ALMT) aprovou por 15 votos contra 8, nesta quarta-feira, um projeto de lei que altera a classificação de grandes áreas antes consideradas como parte do bioma Amazônico para Cerrado.

Caso seja sancionada, a mudança vai permitir que produtores rurais reduzam a Área de Reserva Legal (ARL), que no Cerrado é de 35%, em comparação aos 80% exigidos para áreas de Amazônia. Especialistas apontam que a medida pode levar ao aumento do desmatamento e prejudicar a conservação ambiental na região.

De acordo com o Observatório Socioambiental do Mato Grosso (Observa-MT), a alteração de critérios de identificação de biomas pode afetar mais de 9,6 milhões de hectares, o que representa quase 10% do território estadual. Desse total, 5,2 milhões ficariam ˜desprotegidos˜.

A justificativa oficial para a mudança estaria atrelada ao uso de uma base de dados mais detalhada do IBGE para definir a fisionomia vegetal, mas críticos avaliam que a proposta acaba “reconvertendo”, sem embasamento científico, áreas florestais em regiões de Cerrado.

A Área de Reserva Legal foi instituída pela Lei 12.651/2012, também conhecida como Código Florestal.

Conforme as regras, cada imóvel rural deve manter parte da vegetação nativa em seu terreno, com percentual que varia de acordo com o bioma: na Amazônia Legal, o índice é de 80%; no Cerrado, 35%; e em regiões de Campos Gerais, 20%.