"Agrônomos" ancestrais já realizavam 2ª safra de milho no Brasil há 500 anos
Civilização Casarabe produzia milho e outras culturas duas vezes ao ano na mesma área
O cultivo de mais de uma safra anual na mesma área é um grande diferencial do Brasil, no entanto, tem origem muito antes do que se imaginava até recentemente.
Um grupo de arqueólogos da Universidade Autônoma da Barcelona demonstrou que o povo Casarabe praticou dois ciclos por temporada na região Amazônica por quase um milênio entre 500 e 1550 d.C..
A descoberta foi feita na região de Llanos de Moxos, próxima à fronteira entre Bolívia e o Brasil, mas, essa civilização de povos originários do continente sul-americano também habitou os atuais estados brasileiros do Acre e Rondônia.
A relevância dessa técnica agronômica deve ter sido enorme, assim como é atualmente, mais de 500 anos depois. A reutilização das áreas agrícolas é um dos principais fatores para a competitividade brasileira em grãos.
Para se ter ideia, o país deve colher 103,6 milhões de toneladas de grãos em cerca de 28 milhões de hectares de 2ª ou 3ª safra na temporada 2024/2025.
Por isso, os Casarabes tornaram-se grandes agricultores na região Amazônica por meio de canais projetados para cultivos de milho e outras culturas duas vezes ao ano.
O geoarqueólogo Umberto Lombardo, líder da pesquisa, explicou que a sofisticação do sistema era até então desconhecida e envolvia canais de drenagem e lagoas de armazenamento.