Embrapa cria tecnologia com satélites para monitorar pastagens com alta precisão
Ferramenta estima a massa de capim no campo com até 86% de acerto
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Uma nova metodologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) visa transformar o monitoramento das pastagens no Brasil.
A inovação alia modelagem agrometeorológica e sensoriamento remoto, por meio de dados climáticos e imagens de satélite, para estimar com precisão a massa de forragem disponível nos campos, apoiando o manejo e a intensificação sustentável da produção de carne e leite no país
A técnica permite diferenciar a matéria verde — de maior valor nutricional e consumida pelos animais — da matéria seca, com menor qualidade. Isso dá ao produtor uma visão mais clara sobre a quantidade e a qualidade do capim disponível no campo.
O sistema combina dados climáticos — como radiação solar, temperatura, umidade e vento — com imagens do produto HLS, que integra os satélites Landsat-8 (Nasa) e Sentinel-2 (Agência Espacial Europeia). Essa base alimenta o modelo SAFER (Simple Algorithm for Evapotranspiration Retrieving), tradicionalmente usado para medir evapotranspiração, mas pouco aplicado até então no contexto de pastagens.
“Os resultados obtidos nos três tipos de sistemas de produção pecuária são promissores e demonstram a eficácia da metodologia em diferentes contextos”, afirma o analista Gustavo Bayma, da Embrapa Meio Ambiente.
A metodologia foi testada ao longo de dois anos em três sistemas: extensivo, intensivo rotacionado e integração lavoura-pecuária (ILP), todos na Fazenda Canchim da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP).
O modelo conseguiu explicar mais de 67% da variação na massa de forragem, com destaque para o sistema extensivo, onde a acurácia chegou a 86%.