"Nossos maquinários têm mais tecnologia que carros de luxo", diz VP da Massey Ferguson
Luís Felli defende avanço da automação no campo e destaca protagonismo do agro brasileiro

“Nossas máquinas têm mais tecnologia embarcada que carro de luxo.” A afirmação de Luís Felli, vice-presidente sênior da AGCO e head global da Massey Ferguson, sintetiza o salto tecnológico que vem transformando a mecanização agrícola.
Em meio à escassez de mão de obra e à busca por mais precisão no campo, a empresa aposta em formação técnica, autonomia e inovação para manter no topo — com soluções desenvolvidas no Brasil e exportadas para diversos continentes.
Nos últimos dez anos, segundo Felli, a transformação foi profunda — tanto nas máquinas quanto na exigência de qualificação da mão de obra.
“As máquinas mudaram de patamar. Hoje, elas exigem um profissional que não só entenda de mecânica, engrenagem, ferro, óleo, aço, mas que entenda de toda a tecnologia digital embarcada e tudo que precisa para que isso seja bem feito, bem efetivo, tirando o melhor resultado do investimento que ele fez.”
Com a sofisticação das máquinas, os mecânicos deixaram de ser apenas especialistas em manutenção para se tornarem técnicos capazes de atuar com agilidade no campo, lidando com diagnósticos e soluções cada vez mais complexas.
“Em muitos casos, essa solução se dá muito rapidamente. E o que é necessário na maneira como a gente conduz a safra no Brasil — o plantio de duas culturas — é que necessita velocidade e precisão. De qualquer maneira, se for uma intervenção maior, não dá para o mecânico vir até a fazenda, identificar o problema, voltar para o funcionário. Não. Tem que resolver lá. Chegou lá, tem que resolver. E mais rápido. Então, formação, preparo, isso é fundamental.”
“O mecânico também sofreu uma transformação, se sofisticou, e os mecânicos hoje são muito mais preparados do que eram 10 anos atrás.”
Máquinas autônomas e a escassez de operadores
A falta de mão de obra qualificada, segundo o executivo, é um desafio global — inclusive para operadores.
“No Brasil hoje — não vou nem falar mecânico, que é uma mão de obra super sofisticada — você tem dificuldades e desafios de ter gente preparada no país inteiro, e não é diferente do resto do mundo. Isso se estende também a operadores de máquinas, porque as máquinas se sofisticam, e nem todo mundo quer ser operador de uma máquina sofisticada.”