Arroz é alternativa viável para reduzir custos de produção de suínos e aves

Após a colheita de verão, áreas ociosas poderiam ser usadas para abastecer com grãos o mercado de proteína animal

Arroz é alternativa viável para reduzir custos de produção de suínos e aves
25deFevereirode2022ás19:21

Estudos da Embrapa Suínos e Aves (SC) mostram que, do ponto de vista nutricional, o arroz pode complementar ou substituir o milho na alimentação animal. A conclusão pode ser uma ótima notícia para os suinocultores e avicultores que enfrentam os altos preços decorrentes da crescente valorização do milho e da soja. Paralelamente, o excesso de oferta de arroz no mercado nacional, com uma sobra de 600 a 800 mil toneladas na safra 2020/2021, reforça a viabilidade do grão para baratear as rações de suínos e aves, que respondem por cerca de 70% a 80% do custo de produção das atividades. 

“A Embrapa já mostrou que o arroz descascado (arroz marrom), do ponto de vista nutricional, serve perfeitamente para complementar ou substituir o milho na alimentação animal”, afirma Jorge Vitor Ludke, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves.

Há três anos, o milho e a soja influenciam o desempenho da suinocultura e avicultura, segundo dados da Central de Inteligência de Suínos e Aves da Embrapa Suínos e Aves (CIAS), que apura mensalmente o comportamento dos custos de produção nos dois setores. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-Esalq/USP), o preço médio real da saca de 60 quilos de milho passou de R$ 50,11, em abril de 2019, para R$ 97,15, em abril de 2021, aumento de 93,9%. No mesmo período, a saca de soja subiu 68,1%. Os números mostram que os custos de produção da suinocultura e avicultura cresceram quase que na mesma proporção nos últimos três anos.

Esse movimento para cima nas cotações do milho e da soja foi puxado pelas incertezas relacionadas à pandemia da Covid-19, valorização do dólar frente ao real, alta demanda por grãos no mercado asiático (principalmente o chinês) e quebras na primeira e segunda safras de milho devido a problemas climáticos e à cigarrinha do milho, segundo avaliação da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a produção total de milho na safra 2020/2021 chegará a 85 milhões, bem abaixo das 106 milhões de toneladas projetadas inicialmente.

O arroz vive situação oposta. Os arrozeiros gaúchos e catarinenses, responsáveis por 91% da produção brasileira, atingiram produtividade recorde e entregaram 8,5 milhões de toneladas na safra 2020/2021, a quarta maior da história. Com a estabilização do consumo no mercado interno e menores vendas para o exterior (sobretudo para a África) na comparação com 2020, sobrou arroz no país.

“O arroz é um grão que tem como prioridade a alimentação humana e continuará a ser assim, mas agora existe um excedente e a alimentação animal é uma alternativa”, diz Rodrigo Ramos Rizzo, engenheiro agrícola e assessor especial da presidência da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).