Embrapa comprova eficiência dos drones para pulverização

Equipamento foi usado para controle de percevejo e lagarta em soja

Embrapa comprova eficiência dos drones para pulverização
29deMarçode2022ás12:30

Cientistas da Embrapa Soja (PR) comprovaram o bom desempenho de drones agrícolas como veículos de pulverização no controle de duas importantes pragas da cultura da soja no Brasil: o percevejo-marrom e a lagarta-falsa-medideira Rachiplusia nu.

Os equipamentos foram testados na safra 2020/2021 em comparação a outros métodos, como tratores e borrifadores costais, para aplicação de produtos químicos e biológicos.

Iniciados em 2020, os testes e a avaliação de parâmetros técnicos para uso de drones estão sendo conduzidos agora visando o controle da ferrugem asiática. Os trabalhos são coordenados pelos pesquisadores Samuel Roggia, Rafael Soares e Fernando Adegas.

No caso do percevejo, a pesquisa mostrou que o uso de drones é capaz de atingir a praga em partes das plantas de soja que, normalmente, não são alcançadas pelos métodos tradicionais de pulverização, como o interior do dossel (estrutura aérea da planta).

“A combinação do espectro de gotas do pulverizador - ponta, pressão de trabalho e concentração de produtos na calda - e do efeito do movimento das hélices do drone (downwash) proporcionou maior penetração de inseticida no interior do dossel da soja, aumentando a eficiência de controle”, destaca Roggia.

Os ensaios indicaram que a pulverização com drone proporcionou melhor depósito do inseticida no estrato inferior das plantas de soja. Já nos estratos superior e médio da soja e depósito foi equivalente aos demais tratamentos avaliados.

O estudo utilizou a mesma dose dos inseticidas por hectare em todos os tipos de pulverização e mostrou maior depósito de calda nas pulverizações tratorizadas (36 e 80 litros/ha) e costais (200 litros/ha) do que por drone (dez litros/ha).

Roggia explica que para estimar o depósito de inseticida nas diferentes alturas da planta de soja foi realizado um cálculo considerando as diferentes concentrações de inseticida na calda.

“Mesmo que a pulverização com drone proporcione menor depósito de produto na planta, quando comparada à aplicação tratorizada e costal, a calda é mais concentrada, resultando na mesma quantidade de inseticida aplicada por hectare”, detalha o pesquisador.

Drone e controle biológico

Roggia estudou também as diferentes aplicações do inseticida biológico baculovirus no controle da lagarta-falsa-medideira Rachiplusia nu, que não vem sendo controlada eficientemente pela soja Bt (modificada geneticamente com genes da bactéria Bacillus thuringiensis), devido à resistência do inseto.

De acordo com o pesquisador, a aplicação de baculovirus exige condições ambientais específicas e estágio de desenvolvimento adequado das lagartas.