FNL deflagra “Carnaval Vermelho” e invade propriedades em três estados

Entidades do agro apontam crime no movimento e reivindicam direito à propriedade privada

O grupo usa decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina que, antes de qualquer reintegração de posse, a União deve se responsabilizar pelo destino das famílias. (foto - FNL)

O grupo usa decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina que, antes de qualquer reintegração de posse, a União deve se responsabilizar pelo destino das famílias. (foto - FNL)

22deFevereirode2023ás09:46

A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) deflagrou, durante o feriado prolongado, uma ação batizada “Carnaval Vermelho” com oito invasões em propriedades rurais e urbanas em mais de dez cidades em São Paulo, no Mato Grosso do Sul e no Paraná.

Publicações do próprio grupo nas mídias sociais mostram crianças e bebês entre os integrantes da ação, mas, ainda assim, de acordo com a PM, foram realizados disparos de armas de fogo contra os carros da polícia.

A iniciativa reivindica, segundo nota do movimento, “terra, trabalho, moradia e educação, através da ocupação de terras que já foram reconhecidas como públicas pela Justiça, porém ainda permanecem abandonadas sem cumprir seu uso social”.

Nas áreas rurais, o grupo usa uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina que antes de qualquer reintegração de posse a União deve se responsabilizar pelo destino das famílias e arcar com o processo de realocação.

A Polícia Militar de São Paulo explicou que as ocupações aconteceram nas cidades de Rosana, Presidente Venceslau e Marabá Paulista, no interior do estado.

Disparos de arma de fogo

A corporação declarou que na fazenda São Francisco, em Rosana, não foi necessária a atuação da PM, uma vez que os proprietários já haviam retirado as pessoas da FNL. Três veículos foram atingidos por disparos de arma de fogo, sem registro de feridos, segundo a polícia.

“O grupo interditou a rodovia, sendo necessária a negociação da PM para que a via fosse desobstruída, sem confronto. Foram apreendidos diversos pneus que, possivelmente, seriam utilizados para uma nova interdição”, afirmou a PM paulista.

Em Presidente Venceslau, foram apreendidas armas de fogo e munições que pertenciam ao arrendatário da propriedade. A FNL permanece no local. Em Marabá Paulista, a FNL também está na ocupação. Foi expedido pelo plantão judicial um mandado para desocupação da fazenda Floresta.

O policiamento foi reforçado na região através do policiamento de área, Força Tática e BAEP e as invasões estão sendo monitoradas. A Polícia Militar reforça o seu compromisso com a legalidade e o estrito cumprimento da lei”, finalizam.

Entidades condenam invasões

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de São Paulo (Aprosoja-SP) publicou uma nota na qual “condena veementemente a relativização do direito de propriedade, a destruição de patrimônio”.