CNA projeta margem menor para produtores em 2023 e também 2024

Confederação destacou que o ano foi marcado pela safra cheia e pelo bolso vazio

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Margem bruta da soja, por exemplo, teve redução de 68% em comparação com a safra 2021/22. (Foto-CNA)

Margem bruta da soja, por exemplo, teve redução de 68% em comparação com a safra 2021/22. (Foto-CNA)

07deDezembrode2023ás10:42

O ano de 2023 foi marcado por uma safra cheia e pelo bolso vazio. Este foi o balanço do setor na temporada feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Apesar da produção recorde de grãos de 322,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, a margem de lucro do produtor rural brasileiro foi menor, explicou a CNA.

O órgão projeta que em 2024 siga a mesma trilha. Segundo a CNA, o cenário do setor agropecuário no próximo ano vai continuar sendo impactado por uma série de fatores, como: 

  • incertezas sobre o cumprimento da meta fiscal,
  • aprovação da reforma tributária e
  • o aumento da insegurança jurídica no campo (invasões de terra). 

Balanço 2023

Segundo o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, a safra foi recorde e o clima, com exceção do Rio Grande do Sul, foi bom, ajudando a aumentar a produção.

Em contrapartida, a safra deste ano foi uma das mais caras, com os custos de produção elevados para a soja e o milho, com os preços dos fertilizantes aumentando de 50% a 80%.

Além disso, os preços de venda da soja e do milho se mostraram muito menores na época de comercialização, o que trouxe efeitos negativos na base das cadeias, afetando as margens tanto da agricultura como da pecuária.

A margem bruta da soja, por exemplo, teve redução de 68% em comparação com a safra 2021/22, segundo dados do Projeto Campo Futuro (Sistema CNA e Cepea/Esalq/USP).

Para o milho primeira e segunda safra o desafio foi maior, com queda expressiva na margem do produtor.

Na pecuária de leite o impacto também foi sentido. Com o movimento de retração de preços maior do que o de custos, a margem de lucro dos produtores foi 67,4% menor em outubro de 2023, em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com o levantamento do Campo Futuro.

Na pecuária, Lucchi afirma que os abates cresceram muito nesse ano, que as exportações andaram de lado e que houve um consumo interno bastante fraco, o que trouxe margens negativas para a atividade, tanto no segmento de corte quanto de leite.