Quem produz a pipoca do seu cinema?

Campo Novo do Parecis, no Médio Norte Mato-grossense, se destaca na produção do milho pipoca

plantio do milho pipoca nesta safra na cidade começou 10 de janeiro foi até 20 de fevereiro. (Fotos - Alex Pereira e Fabio Manzini)

plantio do milho pipoca nesta safra na cidade começou 10 de janeiro foi até 20 de fevereiro. (Fotos - Alex Pereira e Fabio Manzini)

27deMaiode2024ás11:31

Que o Mato Grosso é conhecido por ser sinônimo de agronegócio no Brasil todo mundo já está cansado de saber. Lá diversas cidades se destacam. Uma delas é Campo Novo do Parecis, no Médio Norte Mato-grossense, a 390 quilômetros de Cuiabá.

Com cerca de 45 mil habitantes, a cidade respira e se movimenta em torno do agronegócio e da diversificação agrícola – é o segundo um dos municípios mais ricos do agro no estado. O Produto Interno Bruno (PIB) gira em torno de R$ 2,38 bilhões. Soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, milho pipoca, girassol, feijão são as culturas da cidade.

A região possui uma boa infraestrutura para o agronegócio, incluindo armazéns, silos, agroindústrias e cooperativas que auxiliam os produtores no armazenamento e comercialização das safras.

Porém, é o milho pipoca que faz a cidade chamar a atenção no Brasil. A pipoca que você saboreia nos seus momentos de diversão, seja no cinema, assistindo sua série favorita, em momentos com a família ou acompanhando seu time de futebol de coração “nasce” ali na pacata cidade. Durante o dia, a cidade vive do agro com suas caminhonetes que não param de cruzar suas ruas “empoeiradas”, fomentar o comércio e gerar empregos e é silenciosa durante a noite.

O plantio do milho pipoca nesta safra na cidade começou 10 de janeiro foi até 20 de fevereiro. A colheita se iniciou 10 de maio vai até 10 de junho.

Como Campo Novo Parecis se desenvolveu para virar a cidade da pipoca?

Para responder essa questão, a Agrofy News conversou com algumas pessoas que começaram a história na cidade. Começaram essa história na planta, como se diz.

O engenheiro agrônomo Gustavo de Carvalho Teixeira, hoje gerente da agroindústria Cooperáguas, é um deles. Ele viu a história da pipoca nascer de perto não só na cidade, como no Brasil. A figura educada, simpática e de fala pausada é até hoje apontada como o homem que era o braço direito do empresário Marcos Kitano Matsunaga, então dono da indústria de alimentos Yoki.

Sim, Marcos Kitano Matsunaga é ele mesmo. A história de Mtasunaga ficou conhecida de forma macabra. Ele foi morto e esquartejado pela esposa, Elize Matsunaga, em 2012. A história aqui, porém, é sobre a pipoca, não sobre o crime midiático, que virou livro, série e até hoje é tabu na cidade.

“A pipoca no Brasil em 1997, 98 era totalmente importada da Argentina. A Yoki começou um trabalho de introdução às genéticas norte-americanas em um primeiro momento no Rio Grande do Sul. Em 2002, Yoki veio para cá por causa do amendoim, mas depois introduzimos a pipoca. Pegamos material lá do Sul e começamos a plantar aqui. E foi um sucesso. Nós vimos aqui uma estabilidade melhor do que tinha no Rio Grande do Sul. Aqui começamos colher a pipoca na época da seca e vimos uma pipoca de melhor qualidade, ideal para o mercado interno e principalmente para exportação”, explica Gustavo.

O clima do local foi o fator primordial para a cidade “estourar” na pipoca, aponta Gustavo.

“Temos na cidade uma altitude de 580, até 600m. No florescimento e enchimento de grão, ela tem uma temperatura amena. A pipoca simplesmente se adaptou, deu liga como se diz. E fomos trazendo mais genética aqui e melhorando com o passar do tempo. O clima foi favorável e até hoje é assim. Outras cidades do Mato Grosso plantam, mas as plantas têm menos potencial do que aqui. Com isso a região se desenvolveu em torno disso, com construção de fábricas, aumento de produtores, mais empregos. Com a venda da Yoki, mais fábricas chegaram e hoje a região se tornou forte com cerca de seis fábricas concorrentes, com novos originadores vindo para cá e abrindo mercado gigantesco para cadeia”.

De acordo com Gustavo, por causa do clima, a produtividade em Parecis é maior em quase 20% do que outras cidades.

“A cidade cresceu em torno das indústrias e da diversificação das culturas. Campo Novo é uma cidade da diversidade. Não é só a capital da pipoca, é a capital da diversidade e isso nos alavanca. Esse ano, porém, tivemos um grande problema de seca durante a soja com quebra forte de safra e a cidade vai se movimentar, “sobreviver”, por conta da pipoca e do algodão.”