Papo de redação: o que sobra ao Brasil falta à Argentina e vice-versa

Enquanto por aqui o excesso de chuvas complica a colheita, nosso vizinho clama por água urgentemente; já as "retenciones" viraram um tema sem fronteiras

Papo de redação: o que sobra ao Brasil falta à Argentina e vice-versa
06deFevereirode2025ás15:29

Brasil e Argentina são países irmãos que compartilham muitas semelhanças.

Em termos produtivos e comerciais, mantêm uma relação estreita, de modo que tudo o que acontece em um deles tende a impactar o outro.

Das redações da Agrofy News na Argentina e no Brasil, decidimos trocar informações, fatos relevantes, curiosidades, análises e decisões que podem ter reflexo no mercado do país vizinho.

O editor-chefe da Agrofy News Brasil, Daniel Azevedo Duarte, e o redator da Agrofy News Argentina, Rodrigo Bonazzola, conversarão sobre os principais temas de interesse para a região.

Argentina e Brasil: espelho ao revés

Rodrigo Bonazzola (RB): Olá, Daniel. Como estão as coisas no Brasil? Aqui na Argentina estamos desfrutando de um alívio nas temperaturas depois das chuvas, que eram muito necessárias para as lavouras.

Daniel Azevedo Duarte (DAD): Olá, Rodrigo. Tudo bem por aqui.

Na região Sul do Brasil, há grande expectativa pela chegada das chuvas e pela queda nas temperaturas em Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul do país. 

Em outras áreas, o clima ajudou o campo até agora. Inclusive, já começou a colheita de verão de soja e milho. Para toda a safra 24/25, espera-se um recorde de 322,3 milhões de toneladas.

RB: Uau, que recorde! Na Argentina, estamos atentos a esta quinta-feira, pois haverá reunião das entidades sindicais do campo com o ministro da Economia, Luis Caputo. Já está tudo acertado, mas falta a “foto oficial” para concluir o anúncio da redução temporária das "retenciones".

DAD: A meu ver, reduzir os impostos sobre a produção é um bom caminho. Aqui no Brasil, o incrível é que se discute justamente o oposto. Não temos retenções, mas o partido do governo (Partido dos Trabalhadores, PT) propôs algo semelhante a retenções.

Não acredito que vá adiante, pois a reação contrária foi muito forte tanto no Congresso quanto por parte do agronegócio. A proposta foi feita para tentar conter a inflação dos alimentos, que afeta a popularidade de Lula, mas teria efeito contrário.

RB: Aqui, podemos dar aula sobre esse tema. (risos) Os produtores estão mais animados do que há algumas semanas, principalmente depois das chuvas desta quarta-feira, que deram um alívio para soja e milho.

Além disso, o preço dos grãos melhorou e, consequentemente, há incentivo para vender a mercadoria. A soja chegou a 320.000 pesos, 30.000 pesos a mais do que antes do anúncio.