África do Sul revela arsenal contra greening, mas admite: “bomba relógio"
Conheça as ferramentas que mantém o psilídeo fora do país africano ao menos até agora

“Nos sentimos em cima de uma bomba relógio”, resume o Piet Smit, CEO do Komati Fruits, um dos maiores produtores de laranja da África do Sul. Ele se refere à aproximação do greening asiático em direção às fronteiras sul-africanas.
O país, que ainda não registra oficialmente casos da doença (cujo nome científico é HLB), acompanha com apreensão o avanço do vetor transmissor - o psilídeo (Diaphorina citri) - pelo continente.
Para evitar o “estouro’, produtores, governo, academia e agtechs desenvolveram um verdadeiro arsenal. No caso do Komati Fruits, o prejuízo poderia ser enorme. São 5 mil hectares de citros, de um total de 10 mil hectares.
A situação tem um claro paralelo com o que está ocorrendo no Brasil ou marcou a história da indústria da Flórida, nos Estados Unidos, onde o greening prejudica milhares de hectares e reduz drasticamente a produtividade dos pomares de laranja.
A África do Sul, atualmente, é uma grande produtora de citros com produção estimada em cerca de 1,69 milhão de toneladas de laranjas na safra atual, com exportação a dezenas de países em todos os continentes.
O Brasil, por outro lado, enfrenta uma redução histórica, com a produção projetada em 9,48 milhões de toneladas (232,38 milhões de caixas de 40,8 kg) para 2024/2025, a menor desde o final dos anos 1980.
No caso sul-africano, no entanto, “basta” evitar a chegada e a disseminação do inseto. Vários esforços estão sendo feitos: desde uma mega rede de monitoramento por toda a África, passando por multiplicação de mudas sãs, até estratégias de manejo integrado.
Rede de monitoramento
Segundo Herman vd Westhuisen, engenheiro agrônomo do Mahela Group, o monitoramento preventivo é uma das principais estratégias adotadas pela África do Sul.
Em parceria com o Citrus Research International (CRI), uma rede de armadilhas com milhares de quilômetros foi instalada desde o Chifre da África em países como Quênia e Etiópia até Egito e Moçambique.
"O objetivo é monitorar e combater ou retardar a aproximação do psilídeo, vetor do greening asiático, que está avançando rumo ao sul do continente", afirma Westhuisen.