Avanço do greening força expansão da citricultura e redesenha mapa da laranja no Brasil

Cientistas mapeiam riscos e desenvolvem estratégias para mitigar impactos da doença no setor

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Alertas fitossanitários e a indicação de medidas de manejo apoiam o produtor quando da decisão pela mudança de endereço dos plantios. (Foto - Orlando Passos/Embrapa)

Alertas fitossanitários e a indicação de medidas de manejo apoiam o produtor quando da decisão pela mudança de endereço dos plantios. (Foto - Orlando Passos/Embrapa)

18deMarçode2025ás09:47

O avanço do greening, também conhecido como huanglongbing (HLB), a mais grave doença da citricultura mundial, está transformando a geografia da produção de laranjas no Brasil. 

O tradicional cinturão citrícola, composto por São Paulo (exceto o litoral), Triângulo Mineiro e sudoeste de Minas Gerais, agora se expande para Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Distrito Federal, formando o Cinturão Citrícola Expandido (CCE).

Para orientar essa migração, cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) intensificam pesquisas sobre riscos climáticos e fitossanitários.

O objetivo é oferecer suporte técnico aos citricultores que buscam novas áreas de plantio.

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Pesquisa e estratégia para mitigar impactos

“A Embrapa está empenhada em mitigar e controlar o HLB, mas a expansão da citricultura para novas áreas  já é uma realidade”, afirma Francisco Laranjeira, chefe-geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura e fitopatologista da equipe técnica de citros.

“Nosso compromisso é avaliar todo o país, além de apoiar o desenvolvimento do Cinturão Citrícola Expandido”, reforça.

Entre as principais ferramentas para auxiliar os produtores, destaca-se o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), desenvolvido pela Embrapa e Fundecitrus.

O estudo mapeia os riscos de perda de produção em diferentes fases do cultivo, como floração, frutificação e colheita, e classifica as regiões conforme o grau de vulnerabilidade climática. 

“O Zarc gera diagnósticos detalhados sobre o risco climático em nível municipal, ajudando a identificar regiões limítrofes do cinturão existente e avaliar seu potencial produtivo”, explica Maurício Coelho, pesquisador da Embrapa e coordenador do Zarc Citros.

O estudo resultou na publicação "Expansão do Cinturão Citrícola – Quais as aptidões e os riscos climáticos?", elaborada por especialistas da Embrapa e do Fundecitrus.

Segundo Coelho, o material é fundamental para os citricultores que planejam essa transição.