Agro fornece 29% de toda energia no Brasil, aponta FGV
Biomassa agropecuária já domina a matriz energética de indústrias como alimentos e bebidas, papel e celulose, cerâmica e ferroligas
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O agronegócio brasileiro não é apenas um grande consumidor de energia, mas se consolida como um dos principais fornecedores de energia renovável do país.
O setor responde por cerca de 29% de toda a energia usada no Brasil – e, dentro do grupo das fontes renováveis, sua contribuição chega a impressionantes 60%,
É o que aponta o estudo “Dinâmicas de Demanda e Oferta de Energia pelo Agronegócio”, elaborado pelo Observatório de Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Segundo o coordenador do núcleo de bioenergia do Observatório da FGV, Luciano Rodrigues, a relevância do agro na transição energética vai além da oferta de combustíveis limpos.
“Esse protagonismo não se restringe à quantidade de energia ofertada no país ou à presença dos biocombustíveis no transporte – ele também se reflete nos destinos da bioenergia do agro, que se coloca como principal origem da matriz energética de vários setores industriais”, afirma.
Agro sustenta a matriz limpa do país
Sem a contribuição energética do agronegócio, a participação de fontes renováveis na matriz brasileira cairia de 49% para cerca de 20% – um nível próximo à média mundial, atualmente em 15%, segundo o estudo. O Brasil se diferencia de outras potências agroindustriais justamente por essa base sustentável.
A energia agropecuária no Brasil vem principalmente da cana-de-açúcar (13,7%), lenha e carvão vegetal (8,5%), lixívia – resíduo da celulose (5,2%), biodiesel (1,6%) e biogás e outros (0,2%), conforme dados do Balanço Energético Nacional (BEN) de 2023.
Essa diversificação começou a tomar forma nos anos 1980, com o avanço do Proálcool, e se consolidou a partir de 2003 com o crescimento da bioeletricidade a partir do bagaço de cana e da silvicultura energética.