“Não se entra em uma briga de trânsito”, diz negociador que venceu EUA na OMC
Tarifaço americano demonstra nova geopolítica na qual o Brasil deveria se inserir de forma estratégica

“Você leva uma fechada no trânsito e vê que está certo. Mas desce do carro para brigar? Não. Porque você não sabe o que vai sair dali.”
A metáfora é de Pedro Camargo Neto, ex-secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e um dos nomes mais experientes da diplomacia agropecuária brasileira.
Ele foi o negociador-chefe do Brasil em disputas históricas na Organização Mundial do Comércio (OMC), como a que impôs aos Estados Unidos a remoção de subsídios ilegais ao algodão e gerou dividendos estruturantes ao setor.
“Eram outros tempos. A OMC virou só protocolo. Os Estados Unidos viraram de costas para a instituição. A Câmara de Solução de Controvérsias está inoperante. Para eles, é inócuo”, avalia.
Asim, Pedro Camargo Neto vê pouco valor prático no discurso realizado pelo representante do Brasil realizado hoje na OMC para contestar as tarifas americanas propostas pelo governo de Donald Trump.
Nesta quarta-feira (23), o Brasil discursou duramente na OMC contra a política comercial do mandatário americano, acusando o país de usar tarifas como coerção geopolítica. Recebeu apoio público de 40 países, incluindo União Europeia, Brics e Canadá.