Copom interrompe ciclo de alta e mantém Selic em 15% ao ano
Decisão unânime do BC ocorre em meio à desaceleração da economia e incertezas geradas pela política comercial dos EUA
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, interrompendo o ciclo de altas iniciado em setembro do ano passado. A decisão, tomada por unanimidade, já era amplamente esperada pelo mercado financeiro.
Segundo comunicado divulgado após a reunião, a autoridade monetária avaliou que o cenário atual exige cautela, sobretudo diante da política comercial dos Estados Unidos, que impôs tarifas sobre produtos brasileiros, gerando novas incertezas sobre os preços.
“O comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos Estados Unidos de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, afirmou o Copom.
A nota também ressalta que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados conforme a evolução do cenário. “Não hesitaremos em retomar o ciclo de ajuste caso julguemos apropriado”, concluiu.
A Selic segue no maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano. A pausa na elevação dos juros consolida um ciclo de aperto monetário iniciado em setembro de 2024, quando a taxa começou a subir a partir de 10,5% ao ano.
Desde então, o Copom promoveu sete aumentos consecutivos: uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5, três de 1 ponto, outra de 0,5 e uma última de 0,25 ponto percentual.
Inflação e meta contínua
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o índice registrou alta de 0,24%, mesmo com pressão de alimentos e energia elétrica. No acumulado de 12 meses, o IPCA chegou a 5,35%, acima do teto da meta contínua.