Governo deve adiar metas do Plano Clima após impasse com agro e tensões entre ministérios
Setor rural pede revisão da metodologia sobre emissões
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O governo federal suspendeu temporariamente a divulgação das metas setoriais do Plano Clima, política que define a participação de cada setor econômico nas mudanças climáticas e, logo, na redução de emissões de gases de efeito estufa. A confirmação veio do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
O freio de arrumação se deu após forte resistência do setor agrícola e impasse interno entre os ministérios da Agricultura e Pecuária e Meio Ambiente e Mudança do Clima, que ainda quer entregar o plano completo na COP30.
Fávaro, no entanto, disse acreditar que a versão final do plano para o agronegócio será debatida apenas depois da COP30, que vai até o dia 21 de novembro, em Belém. O caso chegou no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá decidir o imbróglio.
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A versão inicial do plano para o setor agrícola colocava a agropecuária como responsável pela geração de aproximadamente 1,4 bilhão de toneladas de CO₂, um volume que alçaria o agro no topo de principal emissor do país.
A reação foi imediata, já que instituições e entidades ligadas ao setor justificam que parte importante dessas emissões se refere à prática de desmatamento ilegal, cuja responsabilidade de combate é dos estados. O próprio ministro Fávaro está de acordo com esse posicionamento.
Com o impasse, o governo decidiu, por ora, adiar a definição das metas e metodologias para mitigação da emissão de gases.
O papel da agricultura
O setor produtivo do agro argumenta que a metodologia de alocação de emissões precisa distinguir claramente entre produção agrícola e atividades ilegais de desmatamento, que não podem ser simplesmente jogadas na conta do produtor.
Neste sentido, o agronegócio tenta tirar o desmatamento ilegal do cálculo pertinente à agricultura no plano.